Semana de overdose de emoção e de voleibol nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Na quadra e na praia, no masculino e no feminino, nossos times estão brilhando. Vamos para a minha “praia”, o voleibol de quadra masculino, com um resumo breve de cada jogo e com uma pitada de opinião técnica.
A Tunísia foi o nosso primeiro adversário. Estreia e tensão. Começar pelo time mais fraco da chave é um grande negócio: 3 a 0, conforme o esperado, sem brilho, mas com foco no resultado final. Um tropeço comprometeria muito o desenrolar da fase classificatória. Missão cumprida e olho nos hermanos, velhos conhecidos e mais íntimos ainda pela presença do técnico Marcelo Mendez no comando.
Nunca foi fácil ganhar de um time argentino. Menores e mais leves, defendem muito e incomodam muito. Jogam rápido no ataque e usam largadas, os cotovelos e dedos dos adversários. Sacam de forma flutuante e, nessa chave de muita força, altera o ritmo de jogo consideravelmente. Essa transição entre passe, levantamento e ataque tem oscilado. Os argentinos abriram 2 a 0 e o Brasil teve que se reinventar durante o jogo, com várias substituições para buscar o empate e emplacar mais uma vitória extremamente importante. Na sequência, os argentinos venceram a França e estão na briga pela classificação.
No terceiro jogo, entramos na fase crucial da chave, com três times candidatos ao título em sequência. A Rússia sobrou em quadra, com um time extremamente alto e bem organizado taticamente. Era difícil superar mesmo se o Brasil tivesse rendendo o que rende de costume, o que ainda não aconteceu, mas acredito que o time irá deslanchar. Jogo deletado e pressão aumentando para seguir vivo na competição. Restavam Estados Unidos e França. Todo dia é dia de final.
Estados Unidos pela frente, semblante concentrado, um início de set assustador. Os americanos começaram com sangue nos olhos e abriram logo um 5 a 0. Nervos à flor da pele de um grupo acostumado com grandes decisões e desafios. Equilíbrio restabelecido e jogo duro. Era mais uma chance de carimbar a vaga para a próxima fase. O Brasil tem um sexteto titular que pode ser alterado rapidamente mudando a dinâmica do jogo e alterando o rumo de uma partida como tem sido até o momento. Todo mundo joga, todo mundo ajuda! E assim foi em mais uma vitória para tranquilizar e dar moral.
Taticamente falando, o Brasil optou em jogar com dois ponteiros de força, Leal e Lucarelli, investindo no poder de fogo e perdendo na linha de passe, natural. Se optar por um ponteiro passador, Maurício Borges ou Douglas, terá o passe mais preciso e o ataque menos forte. É uma tendência, "vôlei-força". Foi assim nos jogos olímpicos do Rio e deu certo. Podemos usar aquela velha máxima: “em time que está ganhando, não se mexe”.
Que venha a França e a próxima fase!