Poucos treinadores possuem tanto conhecimento a respeito do clássico entre Atlético e Cruzeiro como Levir Culpi. O técnico do Galo está em sua quinta passagem pela equipe atleticana e alcançará, neste domingo, a expressiva marca de 300 partidas comandando o alvinegro. Além disso, ele também já comandou o time celeste em três oportunidades.
Ao todo, Levir já soma 12 temporadas diferentes em que esteve à frente dos arquirrivais. Com tanto tempo, o treinador pode ser considerado um verdadeiro especialista na partida de maior rivalidade do futebol mineiro. Para ele, o segredo desse sucesso é saber desfrutar da partida.
“A semana de clássico é a mais prazerosa que temos para trabalhar. Todos os jogadores estão no mesmo clima, focados e prontos para a partida. E é um jogo tão atípico que a cidade inteira se mobiliza para acompanhar. No que tange ao meu trabalho, considero que seja também o jogo mais fácil de preparar o grupo, por tudo isso que citei”, revela.
Em conversa com a reportagem do SUPER FC, Levir relembrou momentos de 2014, quando os dois times se enfrentaram pela final da Copa do Brasil, e o Galo contava com um elenco cheio de jogadores que gostavam muito de disputar a partida. Agora, apesar de ser um plantel um pouco diferente, o treinador acredita que ele e alguns remanescentes daquela conquista ajudarão a passar para os recém-chegados a importância do confronto.
“O time daquele ano tinha mais jogadores com uma ligação com o clube e a torcida. Temos atletas que viveram aquilo e, com certeza, sabem o que o clássico representa. Mas, mesmo os que chegaram agora, já viram nas ruas como esse jogo é encarado intensamente por todos na cidade. Espero que tenham o mesmo sentimento que eu. É muito gostoso viver esses jogos”, diz.
Mas nem tudo é alegria, apesar de ser ele “apaixonado” pela partida, que terá mais um capítulo escrito. “É uma pena que estão tentando estragar o clássico. Colocar 90% de uma torcida e 10% da outra é um retrocesso para quem já viveu esse jogo com a torcida dividida”, lamenta o comandante.
Clássicos em que Levir fez ‘mágica’ pelo Galo
29.4.2007
Atlético 4 x 0 Cruzeiro
O Atlético voltava para a elite do futebol brasileiro e entrou na final do Campeonato Mineiro em desvantagem, por conta de o Cruzeiro ter feito melhor campanha na primeira fase. Mas, ao adiantar as linhas defensivas e escalar um quarteto ofensivo – com Danilinho, Marcinho, Éder Luis e Galvão, com Vanderlei entrando no segundo tempo e marcando o famoso ‘gol de costas’ –, o Galo goleou o rival e colocou uma mão na taça – concretizando o título no jogo seguinte.
21.9.2014
Cruzeiro 2 x 3 Atlético
Líder do Campeonato Brasileiro, a Raposa tinha um timaço, com Ricardo Goulart, Everton Ribeiro e Alisson voando baixo – inclusive, o time celeste sagrou-se campeão naquele ano. Foi quando Levir Culpi teve uma ideia: jogar com um só volante, no caso, Leandro Donizete, que rotulou o treinador de ‘louco’. Com cinco atletas ofensivos em campo, o alvinegro venceu. E o próprio Donizete foi quem fez a assistência para Carlos marcar o gol do triunfo alvinegro.
12.11.2014 e 26.11.2014
Atlético 2 x 0 Cruzeiro
Cruzeiro 0 x 1 Atlético
O Atlético vivia seu melhor momento, com viradas históricas sobre Corinthians e Flamengo para chegar à finalíssima da Copa do Brasil. E Levir Culpi tinha o grupo nas mãos. Nas semanas de preparação para os dois jogos da decisão do torneio, o técnico trabalhou arduamente na tática do time e no psicológico dos jogadores. Resultado: Galo campeão e sem levar gols do arquirrival. Seria mesmo um burro com sorte?
19.4.2015
Cruzeiro 1 x 2 Atlético
Na semifinal do Mineiro, o Cruzeiro tinha a vantagem de jogar por dois empates ou vitória e derrota pelo mesmo saldo, por ter feito melhor campanha que o alvinegro na primeira fase. O primeiro duelo do mata-mata terminou em empate. No segundo jogo, Arrascaeta abriu o placar para a Raposa, num Mineirão tomado pela China Azul. Eis que Levir tira do banco de reservas o ‘salvador’, Guilherme, autor das duas assistências para os gols de Pratto. Galo classificado.