O 'buraco' financeiro em que as administrações anteriores colocaram o Cruzeiro é o grande motivo que fez Ronaldo Fenômeno pedir ao Conselho do clube uma reunião para propor alterações no acordo para a compra de fato de 90% das ações da SAF. A indefinição sobre dívidas fiscais e tributárias mais imediatas, que podem chegar ao montante de R$ 200 milhões, é o primeiro grande obstáculo. 

No final de outubro de 2020, o Cruzeiro, então sob a gestão do presidente Sergio Santos Rodrigues, assinou um acordo com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, para "equalizar a dívida do clube com a União"

Pelo acordo, o Cruzeiro até obteve a redução de 45% de seu débitos (cerca de R$ 152 milhões de um total de mais de R$ 334 milhões) e pode parcelar o pagamento em 145 vezes. Mas, se nos 12 primeiros meses as parcelas eram de R$ 350 mil, com o passar do tempo o acordo previa que as parcelas fossem crescendo de forma progressiva.

Somadas às dívidas fiscais, o débito do Cruzeiro com a União já estaria na casa de R$ 1 milhão mensal. Ronaldo e sua equipe consideram que, caso estas dívidas também passem a ser de responsabilidade da SAF, ficará praticamente inviável, já que os 20% das receitas - inicialmente previstos no acordo para serem repassados à associação - não seriam suficientes.

Em função disso, Ronaldo e sua equipe teriam sugerido passar as Tocas I e II também para a SAF. Seria uma espécie de 'garantia' do negócio. Mesmo assim, ainda haveria empecilhos, já que os dois centros de treinamento também ainda não estão regularizados.

A gestão Ronaldo já tem o desafio de assumir uma dívida de cerca de R$ 100 milhões ligadas diretamente ao futebol (débitos com clubes em contratação de jogadores, por exemplo), que podem inclusive significar novo transfer ban na Fifa.


Antes mesmo de efetivar a compra da SAF, Ronaldo, usando recursos próprios, pagou à Fifa cerca de R$ 25 milhões em dívidas junto a Defensor-URU, Mazatán e Tigres (do México). Só assim o clube pode regularizar seus novos reforços.

Quando assinou o documento de intenção de compra de 90% das ações da SAF Cruzeiro, Ronaldo e sua equipe estipularam um prazo de 120 dias para o processo de 'transição'. Este prazo se encerra no dia 18 de abril.