Aniversário indesejado

Cruzeiro: exclusão de conselheiros faz um ano e ex-diretor não crê em punição

Gustavo Gatti, ex-participante do conselho gestor e da comissão de ética, lamentou imbróglio e falta de inicativa do colegiado celeste em expulsar membros

Por Josias Pereira
Publicado em 22 de abril de 2021 | 19:07
 
 
 
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No dia 22 de abril do ano passado, o conselho do Cruzeiro oficializava a expulsão de 30 membros do colegiado celeste que descumpriram o estatuto e foram remunerados durante a gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá. Dos 30, apenas Jorge Lúcio Turci não procurou a Justiça para reverter a exclusão e garantir, por exemplo, direito de voto nas eleições do clube.

O assunto segue sob júdice e é alvo de uma longa batalha entre conselheiros, que já buscaram ainda no ano passado, quando da mudança de administração votar pela exclusão definitiva de tais membros, mas a petição não foi adiante por uma justificativa que segue no clube: o assunto está sob júdice. 

O Super.FC estabeleceu contato com Nagib Simões, presidente do conselho. O dirigente foi questionado sobre o tema e salientou à reportagem que o imbróglio segue inalterado. 

"Com a pandemia, estamos impossibilitados de nos reunirmos para tratar este assunto. E tudo segue na mesma. O caso está na Justiça. Precisamos fazer algo completamente alinhado legalmente para não termos problemas. Assim que tivermos condições de reunir, vamos sentar com o conselho de ética para traçar o melhor caminho para a solução deste problema", disse. 

No próximo dia 29 de abril, o conselho vai se reunir de forrma virtual. Mas apenas a aprovação de contas será tratada na reunião. Não há previsão para que a situação dos 29 conselheiros seja definida. 

A reportagem ouviu Gustavo Gatti, que foi o presidente da última comissão de ética do Cruzeiro e que vinha dando celeridade ao tema. Opositor do ex-presidente Wagner Pires e que participou ativamente da administração do conselho gestor, inclusive com cargos diretivos, Gatti contou o passo a passo da situação e o motivo do pedido de exclusão ter sido contestado judicialmente. O próprio conselho não referendou a comissão de ética. 

"O Dalai, como presidente do conselho e presidente interino do Cruzeiro à época, nomeou uma comissão de ética, inclusive presidida por mim. Essa comissão precisava ser referendada pelo conselho e ela não foi. O pessoal alegou isso na ação e outras justificativas por causa da pandemia. Nós pegamos na contabilidade todos os documentos de pagamento desses conselheiros e ficou caracterizado claramente o descumprimento do estatuto. O estatuto é muito claro, o conselheiro que prestar serviço remunerado é automaticamente excluído do conselho. A Justiça do Trabalho já caracterizou que a pessoa jurídica que tenha o recebimento por mais de três meses, cria-se vínculo empregatício, Um destes casos é do Alexandre Lemos. Ele ganhava mais de 40 mil e entrou na Justiça para ser reconhecido como empregado, movendo uma ação de milhões contra o clube. Nem ele foi excluído estando na Justiça contra o Cruzeiro", declarou Gatti. 

"Pegamos na contabilidade todos que receberam, montamos um dossiê, fizemos uma notificação para cada um dos 29 se defender, vieram as desculpas. Com as desculpas, nós os colocamos como excluídos. Aí que eles entraram na Justiça. Porque eu sabia que isso poderia sumir dentro do cruzeiro, eu resolvi guardar toda essa documentação. Yenho tudo comigo", acrescentou. 

O conselheiro nato acredita que a situação não terá mudanças e o caso prosseguirá em um jogo de empurra. 

"Todos eles são do mesmo grupo e o presidente do conselho não vai tomar nenhuma atitude. Isso vai afastando as pessoas boas do Cruzeiro", finalizou Gatti.

Denre os 29 nomes estão Gustavo Perrella, filho do ex-presidente Zezé Perrella, e também Sérgio Nonato dos Reis, ex-diretor geral do clube. 

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