Em cinco jogos pelo Cruzeiro, Rodriguinho já encanta a torcida. Foram três gols e uma assistência, comprovando a evolução do seu futebol ao longo dos anos. Do Rodriguinho que esteve no América ao status de “Reidriguinho” e uma das maiores esperanças da Raposa para a conquista do tri da Libertadores muita coisa mudou. Mas o meia segue mantendo o jeito simples e a dedicação em estado máximo para honrar todas as expectativas depositadas em seu futebol. Ao SUPER FC, o jogador abriu o jogo. Confira a entrevista com Rodriguinho:
Como foi essa aventura no futebol do Egito, defendendo a camisa do Pyramids no ano passado? No começo tudo é novidade, não sabia muito o que esperar, mas fui apostando em um projeto que era um treinador brasileiro (Alberto Valentim), conversei com ele antes de ir, me deu referências boas, falando mais ou menos as ideias que ele esperava por lá. Sendo que chegando lá foi um pouco diferente, o Valentim acabou sendo mandado embora com dois meses de trabalho só, então realmente foi uma dificuldade para conseguir ficar feliz lá, apareceu o Cruzeiro e eu optei por voltar.
Quais foram os perrengues que você passou no Egito e deu para fazer turismo por lá? Como eu já tinha jogado nos Emirados Árabes e lá é um país árabe também, eu já sabia muito o que esperar. Foi mais uma novidade para a minha esposa, ela nunca tinha visto. Mas eu já fui alertando ela sobre algumas coisas. Por ter encarado essa realidade, não foi muito complicado. Deu para fazer turismo sim, o passeio da pirâmides (risos), isso aí tem que fazer, todo mundo tem curiosidade de ver, é bem bacana mesmo. Alguns museus também. Tem lugares muito interessantes para conhecer por lá. Você teve propostas de outros clubes, dentre eles o interesse do Corinthians por conta de sua história por lá, mas o que te atraiu mais para fechar com o Cruzeiro? Primeiro que eu fiquei feliz quando o Cruzeiro apareceu, eu já estava com vontade de voltar para o Brasil, eu e meu empresário escutamos algumas propostas que não foram tão satisfatórias assim, mas quando o Cruzeiro apareceu, pela história, pelo clube, pelo time que tem, uma equipe muito competitiva, na hora me interessei muito, já conversei com o Itair, foi um cara que fez um esforço muito grande para me trazer e eu fico feliz por tudo ter dado certo.
Quando você atuava no América, passava na sua cabeça atuar pelo Cruzeiro? Eu pensava bastante nisso, lógico que com todo o respeito e todo o carinho que eu tenho com o América, eu queria dar voos mais altos, queria poder jogar em um clube que disputa uma Libertadores, por exemplo, isso aconteceu na minha vida, fico muito feliz em estar em um clube desse nível e disputando campeonatos importantes.
No Corinthians você passou por alguns momentos complicados, mas depois conquistou seu espaço e deixou o clube como ídolo. Como foi essa jornada de redenção dentro do Corinthians? Sempre tive a vontade e trabalhei para isso, esperava que o meu momento ia chegar, trabalhei bastante, tentei amadurecer nessa questão e eu consegui graças a Deus, graças ao Tite também que me deu essa oportunidade de voltara para lá, poder demonstrar meu trabalho mais uma vez, e fui ganhando aos poucos, com muito trabalho, a torcida até me tornar uma das referências do time e chegar à seleção brasileira também. Isso me deixou muito feliz, muito contente também com o que eu fiz na minha carreira.
Depois de atuar aqui pelo América, como foi voltar a BH nos braços do povo? Esperava aquela recepção? Nunca tinha passado isso na minha cabeça, mas foi um momento mágico que aconteceu. Quando eu vi a repercussão que estava tendo na Internet, alguns amigos de BH me chamando para falar que ia ter uma recepção como aquela no aeroporto, eu achei muito legal, fiquei ansioso para poder ver o que eles estavam preparando para mim e eu fiquei muito feliz com tudo isso e ansioso para retribuir tudo isso honrando essa camisa e conquistando títulos.
Você que atuou com o Tite no Corinthians e agora terá Mano Menezes no Cruzeiro vê alguma similaridade entre os treinadores e também o estilo de jogo das equipes? O que eu vejo que é muito parecido por aqui é o ambiente. O relacionamento é muito bom, isso ajuda muito, primeiro para entrosar quem está chegando, todo mundo muito competitivo, querendo buscar o seu espaço, isso ajuda muito. O Mano é um treinador que busca muito de todos os jogadores, ele faz com que o ambiente seja muito competitivo, saudável, e que nós impulsiona a fazer o nosso melhor para que ele possa escolher quem ele quer jogue. São coisas que eu vejo parecidas nesse sentido.
O que mudou daquele Rodriguinho do América para esse que atua hoje com a camisa do Cruzeiro? É difícil falar assim. Os analistas de futebol que podem responder melhor. Mas eu me vejo como um jogador mais intenso, mais competitivo, e que busca mais o gol do que eu era na época da América, apesar de ter feito vários gols aqui no América, eu aumentei muito esses números de poder estar decidindo partidas, fazendo vários gols e estar competindo muito mais.
Ano de Copa América, o Tite já disse que existem jogadores que ele nem precisa de convocar por agora porque ele já conhece o potencial. Você confia que pode beliscar uma vaga entre os convocados? Pensar todo mundo pensa, sonhar todo mundo sonha, é lógico que não é fácil chegar lá, a competição é muito grande, são muitos atletas de nome, mas eu vou sempre trabalhar, buscar o meu máximo e se tiver que acontecer, que aconteça de uma forma natural.
Você se arrepende de ter deixado o Corinthians para jogar no futebol do Egito? Você estava no auge, convocado à seleção, mas queria ter essa experiência em outro mercado? Eu tinha consciência que isso ia me distanciar da seleção, foi uma opção financeira que eu tomei e não me arrependo porque acredito que eu me arrependeria mesmo se não tivesse ido, experimentado alguma coisa nova, mas agora eu estou feliz aqui. Vida que segue.
Você conseguiu fazer sua independência financeira com esse contrato no Egito? Olha, vou te falar, ajudou muito (risos) porque na época foi uma situação muito boa que aconteceu, foi bom para todo mundo. Fico feliz de ter conquistado uma coisa como essa, elevar o patamar para que possamos ser valorizados. A gente sabe que quando paramos de jogar a vida é muito difícil, por isso é sempre bom ter aquela reserva guardada porque temos uma vida muito longa pela frente.
O que você vem achando do seu encaixe no elenco do Cruzeiro? Você se vê um jogador mais solto? O primeiro contato está sendo ótimo, conseguindo aumentar meu tempo de jogo, começou com 60, depois 70, depois dois jogos de 90, fazendo gols, dando assistência, aumentando a intensidade também que é o que o pessoal da fisiologia controla bastante. Lógico que tem muito entrosamento a se melhor com os companheiros, mas isso é o dia a dia, são jogos ainda que vão nos fazer melhorar, então eu espero estar cada vez melhor para poder ajudar e conquistar títulos, que é o mais importante.
Quando você vai poder atingir seu 100% pelo Cruzeiro? Falar sobre porcentagem é muito difícil, nunca sabemos qual é o nosso auge, mas a gente sempre trabalha para poder estar no auge, no seu limite. Eu cheguei aqui tem um mês e meio e evolução está sendo muito boa e eu venho trabalhando forte para que as coisas possam sair bem, e é o que vem acontecendo. Acho que o trabalho que está sendo feito no dia a dia vem dando resultados dentro de campo.
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Ídolo no futebol
Zidane. É um cara que vi jogar, lógico que eu nunca vou me comparar com ele, mas é da minha posição e tinha uma classe para jogar impressionante. Tento me espelhar bastante.
O melhor na sua posição hoje?
Coutinho, Renato Augusto, jogadores que defendem a seleção e têm muito potencial.
No que você gastou seu primeiro salário como jogador?
Um celularzinho bom para mim.
Se não fosse jogador de futebol o que seria?
Professor de educação física.
Uma liga no futebol europeu?
Espanhola, com certeza;
Messi ou Cristiano Ronaldo?
É uma pergunta difícil, mas eu fico com o Messi.
PES ou FIFA?
Não é muito minha área. Então nenhum dos dois.
Mano ou Tite?
Difícil também. Aí você me quebra (risos). Tenho que falar os dois.
Um gol inesquecível?
Semifinal e final do Paulista, contra São Paulo e Palmeiras, respectivamente.
Aproveitando a onda do Neymar, balada pode ou é melhor ficar em casa? Pode sim, no momento certo, se você for com sua esposa ou solteiro, sem problema nenhum, desde que você faça isso sabendo das suas obrigações.
O que você não gosta quando treina?
Academia. É uma coisa que faço porque é necessário.
Um companheiro no futebol?
Aqui no Cruzeiro o Edílson, a gente tem uma amizade muito grande, o André (Bebezão) que está no Grêmio. E no Corinthians eu tenho Jadson, Sheik, Cássio, Ralf. Grandes amigos.
O que mais te chamou a atenção na liga do Egito?
O fato dela ter parado há um tempo atrás depois de uma briga generalizada com a morte de mais de 70 pessoas. Não teve campeonato durante duas temporadas.
O que o Cruzeiro representa para você nesse momento de sua carreira? O Cruzeiro é minha vida, vou viver isso aqui de corpo e alma, me entregar bastante para fazer meu melhjor trabalho aqqui,
Um sonho com o Cruzeiro
Ser campeão, sem dúvidas. Não importa qual seja o título. Pode ser Copa do Brasil, LIbertadores, Brasileiro. O importante é ser campeão.
Uma música?
Jeito Moleque, "Amizade é tudo".
O que o futebol representa para você?
Minha vida. O futebol é o que me proporcionou tudo, eu devo tudo ao futebol, sou muito feliz fazendo o que eu gosto. Todo dia quando eu vou rezar agradeço a Deus por conseguir realizar os meus sonhos e fazer o que eu gosto, isso é o mais importante. Eu vi até uma frase esses dias que falava o seguinte "se você faz do seu trabalho o que gosta, então não você não trabalha". Todo dia eu faço o que gosto. Isso não é um trabalho.
Veja a entrevista: