Em uma carta destinada à imprensa e aos torcedores, o vice-presidente do Cruzeiro, Lidson Potsch Magalhães, esclareceu sobre o que será votado na Assembleia do Conselho Deliberativo do dia 4 de abril, envolvendo a venda de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) a Ronaldo. Pedindo sempre "bom senso", ele citou algo que Fenômeno afirmou que não acontecerá: a possível venda das Tocas da Raposa I e II pela empresa.
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"Será votada também a obrigação da divisão em partes iguais, entre a SAF e a associação, de lucro imobiliário que, eventualmente, vier a ser obtido na hipótese de venda das Tocas da Raposa I e II pela SAF. No último assunto da reunião, trataremos das permissões para que a SAF exerça as suas funções de exploração das atividades relacionadas ao futebol, sem a cessão definitiva da marca, e mantendo outras propriedades intelectuais com a associação", disse.
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Ainda sobre os centros de treinamento do futebol, o executivo fala sobre uma possível exploração dos locais, sendo que, o lucro retirado disso, deverá ir para o futebol. "Definição da possível operação imobiliária para a exploração das Tocas I e II, em favor do futebol profissional do Cruzeiro. Neste ponto, é importante que o bom senso prevaleça para, de forma consensual, estabelecermos os valores e garantias que atendam à qualidade necessária para a gestão do futebol e as contrapartidas que permitam amortizar as parcelas tributárias do acordo com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN)", conta.
No mais, ele destrincha as pautas a serem votadas, como a autorização para a Raposa pedir recuperação judicial, o que foi solicitado pela equipe do ex-jogador. Segundo Magalhães, o Poder Judiciário já deu o aval para isso acontecer. "Aqui, conheceremos qual a melhor opção para lidarmos com a grande dívida que contraímos, resultado das más gestões dos últimos anos. Já obtivemos o aval da justiça para centralizarmos os débitos e, agora, poderemos decidir se, de fato, a recuperação judicial é o melhor modelo financeiro para quitarmos a dívida", explica.
O vice-presidente frisa que, devido ao atual momento do clube, Ronaldo é a melhor opção para garantir um futuro próspero à instituição e à torcida. Lidson pede que o assunto seja intensamente debativo até o dia 4.
Leia na íntegra:
"Aos conselheiros e torcedores do Cruzeiro Esporte Clube:
Estamos em um momento ímpar de nossa história, em que precisamos nos posicionar e estabelecer as ações que vão definir o presente e o futuro do nosso Cruzeiro. No dia 4 de abril de 2022, os conselheiros irão votar a legitimação da parceria com o Ronaldo, um dos maiores ídolos do Cruzeiro e empresário bem-sucedido no cenário mundial, após o Conselho Deliberativo decidir que a nossa Associação Desportiva é a primeira a adotar a Sociedade Anônima do Futebol no Brasil. Para consolidar o pioneirismo destes novos tempos vamos precisar de muito debate e conciliação, que sempre marcaram a nossa história vitoriosa.
Conforme previsto no edital, teremos a oportunidade de conhecer os investimentos do acionista no futebol e, sobretudo, as cláusulas definitivas do contrato que, em comum acordo com os conselheiros presentes, serão firmadas e indicarão os aportes financeiros no Cruzeiro. É essencial que haja um intenso debate (inclusive antes da reunião) e, em especial, o esclarecimento dos benefícios da proposta, e que o consenso se sobreponha.
Ao longo da reunião, outro tema que será deliberado é sobre a alternativa de se autorizar a recuperação judicial para o Cruzeiro. Aqui, conheceremos qual a melhor opção para lidarmos com a grande dívida que contraímos, resultado das más gestões dos últimos anos. Já obtivemos o aval da justiça para centralizarmos os débitos e, agora, poderemos decidir se, de fato, a recuperação judicial é o melhor modelo financeiro para quitarmos a dívida.
No quarto item da pauta está prevista a autorização de operação de crédito destinada à reestruturação da dívida da associação e as garantias de imóveis a serem concedidas para viabilizar a operação. Em linha semelhante, o tópico seguinte será a definição da possível operação imobiliária para a exploração das Tocas I e II, em favor do futebol profissional do Cruzeiro.
Neste ponto, é importante que o bom senso prevaleça para, de forma consensual, estabelecermos os valores e garantias que atendam à qualidade necessária para a gestão do futebol e as contrapartidas que permitam amortizar as parcelas tributárias do acordo com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Segundo a Lei 14.193, a dívida tributária é exclusiva da Associação, sem solidariedade ou subsidiariedade da SAF.
Será votada também a obrigação da divisão em partes iguais, entre a SAF e a Associação, de lucro imobiliário que, eventualmente, vier a ser obtido na hipótese de venda das Tocas da Raposa I e II pela SAF. No último assunto da reunião, trataremos das permissões para que a SAF exerça as suas funções de exploração das atividades relacionadas ao futebol, sem a cessão definitiva da marca, e mantendo outras propriedades intelectuais com a Associação.
Creio que seja o momento de esquecermos as diferenças e disputas, que democraticamente sempre fizeram parte de nossa cultura para que, com a participação de vocês – conselheiros e torcedores - possamos garantir o presente e o futuro do Cruzeiro.
Acredito que, no cenário atual, com todas as dificuldades que a instituição vem passando, o Ronaldo é o melhor caminho para o nosso amado clube, não apenas por sua credibilidade no esporte, mas também pelo seu comprometimento como sócio estratégico do clube.
Neste momento, que antecede decisões tão relevantes para o futuro das nossas 5 estrelas, faço um apelo para que a diversidade que permeia o passado de glórias e títulos do Cruzeiro se reverta em um movimento único, que assegure, nos assuntos relacionados à alienação de imóveis, os 9/10 de votos previstos no Estatuto e, nos demais temas, a maioria simples de aprovação. Serão deliberações essenciais para garantir a sobrevivência e perenidade de nossa instituição.
Lidson Potsch Magalhães
Vice-presidente do Cruzeiro Esporte Clube"
Entenda
Quando Cruzeiro e Ronaldo anunciaram a transferência de 90% da SAF, em 18 de dezembro do ano passado, na verdade, ele assinou a intenção de aquisição, no valor de R$ 400 milhões, a serem investidos nos próximos anos.
Com o acordo, ele teria 120 dias para ter acesso a tudo do clube e fazer um "pente fino" na documentação e finanças. Até o encerramento desse prazo, em 17/04, ele pode fazer a compra definitiva e ajustes no contrato, o que deve ser votado pelo Conselho.
Há alguns dias, o craque pediu que fossem incluídas no acordo as Tocas da Raposa I e II, já que, se elas continuarem com a associação (dona dos outros 10%), há risco de perdê-las, caso dívidas tributárias não forem pagas. Além disso, ele pediu que a instituição entre com um pedido de recuperação judicial.