Francês

Namorado da canoísta Ana Sátila perto de conseguir naturalização brasileira

Mathieu Desnos mudou sua vida pela atleta mineira e hoje atua também como seu treinador; maior sonho é estar em Paris 2024 representando a nova nação

Por Daniel Ottoni
Publicado em 11 de junho de 2020 | 09:00
 
 
 
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A paixão arrebatadora do canoísta francês Mathieu Desnos, de 26 anos, por Ana Sátila, mineira e companheira de modalidade, parece ter ido muito além do que ele imaginou. Mathieu se mudou para Foz do Iguaçu (PR) em 2018 e se encantou tanto com o Brasil que já está em processo final de conseguir a naturalização pelo novo país. 

O pedido para a federação francesa da modalidade autorizar sua intenção de se naturalizar está em vias de ser confirmado. Mathieu abriu mão da possibilidade de estar nos Jogos de Tóquio, no ano que vem, uma vez que precisa cumprir período de dois anos sem defender o país de origem. 

"Foi muito legal deles me liberarem. A CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem) me acolheu muito bem. A  transição de federações foi mais fácil do que imaginava. Tenho uma relação muita boa com o presidente da federação francesa, sem essa liberação dele teria sido mais difícil. Quanto à naturalização, tive a ajuda imensa do advogado Fabiano Távora. Ele fez contato comigo depois que ganhei o Pan-americano em Três Coroas (RS), em 2019. Agora estou aguardando pois está no processo final", projeta.

A ideia é que ele possa estar nos Jogos de Paris, em 2024, em um ambiente que conhece bem, mas representando o país que conquistou seu coração. "Não sei como avaliar como vai ser estar em Paris 2024, seria um sonho. Poder disputar a Olimpíada pelo Brasil ao lado da Ana seria maravilhoso. Estou trabalhando duro para chegar lá. É um objetivo, mas somente o futuro vai nos dizer se isso vai acontecer", pondera. 

Treinador desde novo

Além de seguir nos treinamentos, Mathieu acumulou a função de orientar Ana Sátila, se transformando em um técnico informal mas com grande influência no rendimento da atleta nascida em Iturama, no sul de Minas. 

"Sempre gostei dessa função de ensinar. Desde os meus 14 anos, eu ajudava nos treinos dos mais jovens no meu clube. Quando podia, os acompanhava e dava suporte para o meu treinador com os atletas mais novos. Tento passar muita confiança pra ela, aquele suporte emocional a mais que pode fazer diferença. Ela tem potencial para conseguir qualquer resultado, ela é muito forte", conta o francês, que precisou se virar por conta própria para evoluir com o remo nas mãos. 

"Na minha carreira na França, treinei muito sozinho. Durante seis anos em Pau, tive a possibilidade de treinar somente duas vezes com o técnico do meu clube, pois os mais jovens são menos privilegiados. Mas como tinha muitos atletas, treinávamos juntos com outros canoístas, que se ajudavam sempre. Você̂ acaba se tornando atleta/técnico, recebe e tenta dar dicas. O técnico deve se adaptar ao atleta e não o contrário", salienta. 

Substituindo figura paterna

Mathiueu teve papel importante para fazer Ana Sátila ter uma motivação ainda maior na modalidade. Em 2016, ela viu o técnico italiano Ettore Ivaldi retornar para a Itália, precisando se separar de um profissional que era considerado um pai. O pensamento de abandonar a canoagem passou pela sua cabeça e não foi fácil para ela se convencer sobre o lugar que podia alcançar no esporte. A presença do namorado nos treinos, ao lado do técnico Cássio Petry, contribuiu para que a evolução não fosse freada.

"Como eu não podia competir nos meus primeiros meses no Brasil, comecei trocando experiências com ela e dando uma ajuda também nos treinamentos. Sempre ficava ao lado dela, estava presente nos treinos constantemente. O que me motiva mais nessa parte é poder ajudar e apoiá-la do melhor jeito", conta.
 
Distância do inverno

Mathieu revela que o clima fez uma grande diferença para ele se encantar, ainda mais, pelo Brasil, sabendo que teria o ano inteiro com boas temperaturas para treinar e ajudar a parceira. "Chegar ao Brasil foi tudo novo, o jeito de treinar, a possibilidade de construir uma vida no esporte, algo que eu nunca tinha imaginado. O que mais mudou é o inverno acabou para mim. Na França, são quatro meses de frio. Desde que cheguei ao Brasil, mesmo se tiver alguns dias de frio no inverno, nunca é igual a França. Foi um conforto pra mim, uma mudança positiva", agradece.
 

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