Dezenove dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro assinaram nesta terça-feira (15) a criação de uma liga independente, que tem como principais objetivos gerir o futebol brasileiro, como calendário e economia, mudar o estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para que os times tenham mais participação na entidade, e criar uma nova competição. Apenas o Sport ficou de fora, porque seu presidente renunciou ao cargo recentemente.
Conforme consta no documento, o principal motivo para isso seria a insatisfação que a CBF tem gerado para os clubes, como o seu distanciamento, além, claro, dos recentes acontecimentos. Neste mês, o presidente Rogério Caboclo foi afastado do cargo após denúncia de assédio sexual e moral. Outro fato que gerou mal-estar foi a concordância em o país sediar a Copa América sem consultar os times.
"Em razão de diversos acontecimentos que vêm se acumulando ao longo dos anos e que revelam um distanciamento total e absoluto entre os anseios dos clubes que dão suporte profissional brasileiro e a forma como que é gerida a CBF, decidiram adotar as resoluções", diz documento entregue à CBF.
Os requerimentos são:
- Imediata alteração estatutária que consegue maior participação dos clubes nas decisões institucionais e na gestão da CBF, admitindo os clubes como afiliados;
- Votação igualitária nas eleições para presidente e vice-presidente da CBF, sendo que os clubes das Séries A e B terão voto único e igualitário;
- Extinção da necessidade de apoio de oito federações e cinco clubes para lançamento de chapa, sendo apenas o apoio de 13 eleitores, sendo estes clubes ou federações;
- A criação da liga de futebol, a ser fundada o mais rápido possível, e que passará a organizar e desenvolver economicamente o Campeonato Brasileiro.
"Os clubes adotarão medidas efetivas para consumar a sua associação, para, de forma organizada, exercerem administração do futebol brasileiro e do seu calendário", afirmam os mandatários. O documento foi entregue à direção da CBF após reunião na sede da entidade, localizada na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Ainda não há detalhes sobre esse novo campeonato, que deve começar em 2022. Os clubes da Série B, como Cruzeiro, Botafogo e Vasco já teriam sido convidados.
Como é
Atualmente, os clubes só participam da Assembleia Geral Eleitoral, que se reúne apenas para escolher o presidente da CBF e seus vices. No entanto, eles têm peso menor na votação.
Os votos das 27 federações têm peso 3, ou seja, somados são 81. Os votos dos 20 clubes da Série A têm peso 2 (40) e os votos dos 20 clubes da Série B têm peso 1 (20).
Posição
Em nota, A CBF informou que os pedidos serão analisados. “A CBF informa que nesta terça-feira, 15, o Presidente Antônio Carlos Nunes, Vice-Presidentes, Secretário Geral e Diretores da entidade estiveram reunidos com os representantes dos clubes disputantes da Série A do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, os clubes apresentaram uma carta com solicitações coletivas, que serão objeto de análise interna por parte da CBF”.
História que ganha corpo
Dirigente do América, Marcus Salum, que era o presidente da Primeira Liga – formada por 19 clubes de diferentes divisões e regiões do país –, disse que ficou feliz com essa assinatura. "A liga vai demandar uma maior organização dos Clubes, mas fiquei muito feliz. É uma história que começamos lá atrás e que ganha corpo", disse.
Como organizadora de torneio, a Primeira Liga promoveu duas edições. Em 2016, o Fluminense foi o campeão e, em 2017, o Londrina, numa decisão contra o Atlético. Na ocasião, clubes e TV assinaram uma contrato anual de R$ 23 milhões por três temporadas. A terceira, no entanto, acabou não sendo realizada.
Guilherme Bellintani, presidente do Bahia, disse que essa liga quer ser mais próxima do povo brasileiro. "Há muito o que fazer, e isso começa já. Por novo calendário, mais planejamento, investimentos e receitas. Por democracia, com equilíbrio, união e trabalho. Sem conflitos, sem ressentimentos. Nós, clubes de futebol, queremos chegar mais próximo do que cada brasileiro espera de nós", escreveu.