Começa o campeonato. “O Brasileirão é o torneio mais equilibrado do mundo. Há, ao menos, 12 favoritos ao título”. Esse jargão acompanha muitas discussões sobre futebol por aqui. E, a cada temporada que passa, soa como uma afirmativa falsa.
Vou lançar algumas perguntas e você responde rapidamente. Qual foi a última vez que o Vasco entrou em um Brasileirão como favorito? E o Botafogo, quando chegou com chances reais de conquistar um título nacional? Estes dois times cariocas já podem ser colocados em uma prateleira abaixo dos demais grandes.
Atlético e Internacional estão há algumas décadas sem títulos do Campeonato Brasileiro, mas na última década lutaram pelo título algumas vezes. Assim como Santos, Fluminense e Grêmio.
Cruzeiro, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Flamengo conquistaram títulos do Brasileirão, nos últimos dez anos, e são, sem dúvida, as maiores forças da competição. Lógico que, em um ano ou outro, vacilam e lutam lá embaixo. No entanto, os títulos e as sequências de bons campeonatos os colocam como favoritos na maioria das vezes.
Não é surpresa para ninguém que as vagas na Libertadores da América giram, praticamente, entre estes 10 times. Com algumas surpresas, como Chapecoense e o próprio Vasco, que disputaram a competição continental neste ano, mas sem qualquer protagonismo.
Com posições tão consolidadas lá na frente, furar este bloqueio está cada vez mais difícil. Há cada vez menos espaço para zebras, como o São Caetano, Atlético-PR e Coritiba. E, assim, fica cada vez mais longe o sonho de um time pequeno poder quebrar a hegemonia e sonhar com o caneco.
O que fica é a vaga na Sul-Americana, um prêmio de consolação para os médios, um martírio para os gigantes e o sonho para os pequenos que se atrevem a enfrentar os tubarões da Série A.
Depois do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, cheguei a imaginar o América nesta situação. Parecia ser bem tangível ver o Coelho na Sul-Americana, duelando contra Colo-Colo, Independiente ou qualquer outro time tradicional do continente. Realidade sepultada no segundo turno, com uma sequência digna, realmente, de time rebaixado.
Com o início de Brasileirão muito fraco, os últimos colocados tinham pontos de menos na tabela de classificação. E o América tinha uma posição camuflada. Apesar de estar perto dos grandes, ele não tinha pontos suficientes para respirar aliviado em momento algum.
E, depois de uma sequência terrível com Adilson Batista, viu o sonho ruir e a realidade da segunda divisão bater à porta mais uma vez.
O Coelho dá os últimos suspiros dele na Série A. Hoje, no Independência, o América encontra o treinador que levou o seu torcedor a sonhar. Enderson Moreira, hoje no Bahia, deixou o clube com boa perspectiva e vai reencontrá-lo desesperado pela vitória.
Um triunfo sobre os baianos não será suficiente. Para não ser rebaixado, o Coelho fatalmente terá que vencer também o Fluminense, na última rodada, no Rio de Janeiro. É, América, enfrentar tubarões é difícil para todo mundo!