O título mineiro é indiscutível e incontestável. Por mais que tenha sido difícil levantar a taça de 2018, o Cruzeiro fez exatamente o que se esperava dele. Em uma campanha muito superior aos demais, liderando de ponta a ponta, não existia espaço para surpresas. Sim, para o jogo de domingo, eu acreditava que a Raposa venceria, mas a boa vantagem transmitia para o rival todo o favoritismo do título.
Nos meus comentários na rádio Super Notícia FM, eu ponderava a obrigação de vencer por dois gols, ainda mais se tratando de um time que tem um volume ofensivo abaixo do que precisava. Ainda assim, conseguiu controlar o duelo de maneira brilhante. Se não tinha a bola sempre, fazia pressão no jogo mental. Foi nesse momento que o Atlético sucumbiu.
A equipe de Mano Menezes entrou na final de um jeito diferente do que a gente estava acostumado a ver. Antes, não beirava apatia, mas nem de perto chegava ao famoso “sangue nos olhos”. Colocar o atacante Rafael Sóbis e o lateral Edílson foi crucial para mexer com o ímpeto do time. Trabalhar a cabeça dos jogadores alvinegros foi o fator que faltava para superar o rival.
Thiago Larghi, o qual eu já teria efetivado como treinador, não conseguiu entender o jogo dos azuis. A ineficiência do seu banco de reservas padeceu perante o melhor desenvolvimento e o elenco cruzeirense. Era nítido que no início haveria uma pressão gigantesca em cima da sua defesa, e a estratégia determinada caiu por terra com três minutos. Segurar uma equipe superior e com quase toda a torcida a favor seria muito difícil no Mineirão.
A experiência dos cruzeirenses culminou na expulsão do venezuelano Otero ainda no primeiro tempo, e de maneira justíssima. À primeira vista, eu manteria em campo o lateral-direito celeste, assim como fez o árbitro Luiz Flávio de Oliveira. Por fim, o juiz não interferiu no resultado.
Sem o seu principal jogador, o Galo mal conseguiu chegar ao gol de Fábio. Sem banco de reservas adequado, Larghi não teve como mudar o roteiro estabelecido por Mano. A arapuca foi armada, e não teve como os atleticanos escaparem.
Vislumbrando um futuro próximo, a responsabilidade alvinegra continua a mesma: tentar fazer um Campeonato Brasileiro interessante, imaginando uma Libertadores na próxima temporada. Não se pode deixar abater pela queda no Estadual, já que, amanhã, o desafio é pela Copa Sul-Americana, contra o bom time do San Lorenzo, atual terceiro colocado da Superliga Argentina. O Ciclón também está pressionado, já que perdeu o segundo posto em uma goleada inesperada de 5 a 0 para o Godoy Cruz, em pleno Nuevo Gasómetro.
Do campeão mineiro, eu não espero outra coisa além de tentar buscar o pentacampeonato brasileiro ou o tri na Copa Libertadores, mesmo com um futebol oscilante. Qualquer coisa diferente será algo caótico, principalmente pelo investimento feito pela nova diretoria. Mesmo em situação desconfortável no torneio continental, o clube tende a se classificar. Na Série A, a vida começa logo contra o Grêmio, na Pampulha. É hora de aquecer os motores mais uma vez e lembrar que o título regional não pode ser referência.