Há 17 anos, o Minas Tênis Clube conquistava sua última Superliga feminina de vôlei. Passadas quase duas décadas, algumas realidades permanecem e outras nem tanto. Mesmo assim, comparações cabem entre os dois times, dentro e fora de quadra.
Nas quatro linhas, atletas se destacavam em momentos parecidos da carreira, assim como suas características. A levantadora Fofão e a central Ângela faziam uma jogada 'china', que era quase infalível para cair na quadra adversária, situação que se repete nos dias atuais com Macris e Carol Gattaz.
"As levantadoras desequilibravam e foram fundamentais para esta vitoriosa campanha. Hoje temos, no entanto, algumas diferenças nas jogadas. Atualmente, com muita velocidade e uma jogada pelo fundo, com a Bruna, que pouco se vê por aí. Foram muitas mudanças nestes 17 anos, o vôlei hoje é outro, mas algumas semelhanças acontecem", admite Ricardo Santiago, presidente do Minas na atualmente. Na época do último título, ele ocupava o cargo de diretor do time feminino de vôlei do clube de BH.
As opostas (Elisângela em 2002 e Bruna hoje) eram atletas de força, com bom poder de definição. Na entrada de rede, jogadoras de alto nível e talento, com capacidade para atuar em qualquer time do mundo: Cristina Pirv e Érika e hoje Gabi e Natália.
"Existiam realmente todas essas semelhanças. Algo que permanece até hoje é a estrutura do Minas, que faz uma grande diferença para se estar na final. Chegar em decisão, pra mim, já é como um título. Para ser campeão, depende de muitos fatores", analisa Antônio Rizola, treinador de 2002 e hoje na seleção da Colômbia. Na atual temporada, Rizola comandou o time do São Cristóvão Saúde-São Caetano-SP e teve oportunidade de dar os parabens, pessoalmente, ao colega Stefano Lavarini.
"Ele teve sucesso na Itália e consegue repetir isso no Brasil. Falei com ele do bom trabalho que faz no Minas, de como se adaptou bem para conduzir um grupo que não conhecia. Ele demonstrou uma grande capacidade, já é um vencedor independentemente do resultado desta final. Meu momento era outro porque já trabalhava nas seleções de base do Brasil desde 1989", revela.
Na Superliga 2001/2002, Rizola foi o responsável por lançar duas atletas que faziam sua primeira Superliga e hoje estão entre as maiores referências do vôlei brasileiro: a oposta Sheilla, que pode voltar às quadras em breve e a central Fabiana, hoje no Dentil-Praia Clube, adversário do Minas na decisão. "Eu tinha poucas balas para atirar, mas cada tiro foi muito certeiro", brinca Rizola. A liderança de Gattaz, na época, era da líbero Ana Maria Volponi, que deu importante suporte para atletas como Érika e Elisângela.
Novatas. Sheilla e Fabiana apenas começavam as suas carreiras e carregam, até hoje, grandes lembranças deste período. "Eu participei desta campanha do último título do Minas, mesmo jogando pouco. As lembranças são as melhores possíveis, estava ao lado de atletas do mais alto nível daquele período, aprendi muito com elas. Ter vencido aquele campeonato foi uma sensação maravilhosa", conta Sheilla.
"Tanto aquele Minas quanto o atual possuem um elenco forte e equilibrado em todas as posições, que chega como o time a ser batido. Nunca vou esquecer aquele grupo por tudo que representou para mim. Pela conquista em âmbito nacional e, de modo especial, pelo aprendizado com atletas que até hoje são inspirações e amigas pessoais”, destaca Fabiana.
Diferenças
- Apesar das levantadoras serem destaque dos dois times, Fofão já tinha uma posição mais consolidada dentro da seleção brasileira, algo que Macris ainda busca.
- Passadoras não poderiam usar o uso do toque na recepção, algo que hoje a regra permite.
- Os treinadores viviam momentos diferentes: Rizola já tinha experiência nas seleções de base, enquanto Stefano faz apenas sua segunda temporada no vôlei nacional.
Semelhanças
- Jogada 'china' com Fofão e Ângela funcionava tão bem como hoje com Macris e Gattaz.
- Ponteiras do mais alto nível, com condições de atuar por times de dentro e fora do país, se destacando no fundo de quadra e também nas viradas de bola: Pirv e Érika e Gabi e Natália.
- Opostas de força, que também tinham o saque viagem como arma: Elisângela e Bruna Honório
Clique e participe do nosso canal no WhatsApp