A longa jornada no vôlei profissional fez a oposta Lia precisar lidar com uma rotina de viagens, treinos e jogos, bem longe de quem gosta. A jogadora, que está em Belo Horizonte para a disputa do Sul-Americano de clubes de vôlei feminino, tomou uma decisão que não parece ter sido difícil de ser tomada.
Agindo com o coração, ela preferiu defender, pela segunda vez na carreira, o San Lorenzo, de Buenos Aires, para estar perto do namorado, o pivô Jerome Meyinsse, que atua no time de basquete do clube argentino. Depois de jogar pelo clube no Rio de Janeiro, na Copa Intercontinental, no último final de semana, o jogador conseguiu alguns dias de folga para acompanhar a parceira na capital mineira.
O time de Lia estreia nesta quarta-feira no Sul-Americano, em que as chances não se apresentam como grandes para o título, uma vez que Dentil-Praia Clube e Itambé-Minas também participam do torneio que dá vaga no Mundial de clubes.
"Foi uma questão pessoal que me fez escolher o San Lorenzo, priorizei minha felicidade, pensando mais nisso do que no lado profissional. Meu namorado é um parceiro de vida, preferi não aceitar outras propostas que tive, como da Europa, para ficarmos juntos neste momento", conta.
Na Arena Minas, ela terá a amiga Suelen, líbero do Dentil-Praia Clube como adversária em embate marcado para a próxima quinta-feira. “Jogamos juntas e ela tinha um contato mais próximo com todos da minha família, de dormir em casa, de passar o final de semana com a gente. Uma querida. Imagino que precisamos estar feliz. Se abrir mão de jogar em outro time para ficar mais perto do namorado a faça mais feliz, ela está certíssima”, apoia.
Amadurecimento
Na última temporada, Lia atuou por Londrina disputando a Superliga B. No seu currículo, estão passagens por clubes como o próprio Minas, Osasco Audax-SP e Flamengo. Ter passado por tantas coisas na carreira a fez criar coragem suficiente para não ser mais obrigada a lidar com o que não lhe interessa.
"Perdemos o técnico na semifinal do campeonato, acho que até por isso não fomos campeãs. Quando se atinge certa idade, a gente acaba não aceitando algumas situações", admite.
Em um time que vai tentar incomodar Minas e Praia, ela sabe que a missão é difícil e prioriza o crescimento da equipe. "Minas e Praia são os times a serem batidos neste Sul-Americano. Será uma tarefa árdua enfrentar elencos maravilhosos, com jogadoras que dispensam comentários. Vamos tentar surpreender e evoluir como grupo, para vermos em que nível estamos mundialmente", afirma.
A presença do treinador Mário Gallego, que havia trabalhado ao seu lado na sua primeira passagem, motivou Lia a voltar para o clube que tem o corvo como seu maior símbolo. "Ele é um cara estudioso, com grande vontade de amadurecer. Ele entende muito de vôlei, eu adoro estar no clube com pessoas como ele", diz. Gallego retribui os elogios e garante a importância da atleta dentro do seu elenco. "Ela transmite sua experiência para as outras jogadoras que são mais jovens e encara de frente este desafio em sua carreira. Temos a missão de colocar o San Lorenzo em lugares cada mais vez altos e contamos com ela para isso. É um prazer tê-la conosco", garante.
Lia, mesmo com anos à frente das companheiras, afirma que cada dia é um aprendizado dentro do time. "As meninas são ótimas, inteligentes. Mas a realidade é outra. Elas também estudam, fazem faculdade. Mesmo assim, já atuaram na seleção e disputaram campeonatos importantes como o Grand Prix. A vontade delas me contagia", ratifica.