Aposentado das quadras, o ex-líbero Serginho foi o grande convidado do Barba, Cabelo e Bigode, da rádio Super 91,7FM, nesta sexta-feira (14). E no papo descontraído o ex-jogador relembrou os tempos de atleta, analisou o atual cenário do vôlei brasileiro e, claro, enalteceu o trabalho realizado pelo Sada Cruzeiro na modalidade.
No próximo dia 25, Serginho completará 42 anos. A vida dedicada ao voleibol e a experiência em ser o recordista de títulos da Superliga (nove no total) e tricampeão mundial permitem ao ex-jogador o direito de apontar, com muita propriedade, a realidade da modalidade no Brasil atualmente. “Sobre o vôlei, atualmente, temos dois cenários no país. A debandada geral de atletas por falta de investimento e, claro, por conta da pandemia. E a falta de oportunidades para os jovens aparecerem. Eu estava descrente que a Superliga teria 12 times, mas a confederação fez acordo e conseguiu arrumar 12 times. Fiquei feliz. Mas alguns atletas tiveram que aceitar acordo com clubes que vão pagar somente em janeiro. Essa é a realidade do vôlei hoje”, disse o ex-jogador da seleção brasileira.
Serginho acredita que a seleção ainda é a favorita para os Jogos Olímpicos do Japão, ano que vem. Porém, cita os norte-americanos como uma potência, apesar de estarem atrás do Brasil. “Conquistamos medalhas de ouro no masculino e feminino. O vôlei nosso é muito forte. Estamos por cima da onda. Mas tem os americanos, que sempre montam times fortes. Porque são estudiosos. Eles têm as estatísticas, isso influencia no voleibol. Eles estão sempre batendo de frente com o Brasil. Mas a gente está alguns ciclos olímpicos na frente”, analisou.
No início da carreira, Serginho foi revelado pelo Minas Tênis Clube, no qual conquistou sua primeira das nove Superligas que tem no currículo. E apesar de ele elogiar o ex-clube foi o Sada e o técnico Marcelo Méndez, atual comandante celeste, que mudaram sua história. “O Sada Cruzeiro é o maior time de voleibol do mundo. Não tem jeito. E foi ele que mudou minha história. E tem o Marcelo Mendez, que é o melhor treinador que tive. Cara chegou trazendo uma nova mentalidade para o vôlei. E eu comprei a briga. Quando saí do Minas, aos 31 anos, ouvi pessoas dizendo que eu estava desmotivado. E depois eu ganhei 34 títulos. Graças ao Sada Cruzeiro e ao Marcelo Mendez”, afirmou.
Seleção
Um dos pontos marcantes na carreira de Serginho foi o fato de ele não ter disputado uma Olimpíada com o Brasil. E ele se compara a um jogador que também pode se considerar injustiçado no futebol por mostrar qualidade e não ser chamado para a seleção. “Muita gente faz essa comparação com o Fábio (goleiro do Cruzeiro). Acho que Fábio merecia ter ido para a seleção. Eu acho que eu também merecia ter ido mais vezes. Fui algumas, mas não tanto quanto deveria”, disse Serginho.
‘Causo’
Serginho relembrou uma situação inusitada que ele vivenciou em quadra. Ao relembrar os tempos de atleta, o jogador citou o episódio em que ele e o líbero Mário Júnior, então jogador do Rio de Janeiro Vôlei, quase chegaram às vias de fato. “Ele ficou o jogo todo reclamando da barreira que os jogadores fazem para dificultar a visão na hora do saque. Durante o jogo eu mandei ele para aquele lugar. Ele veio em minha direção xingando. Eu saí, fingindo que não era comigo. O juiz deu cartão vermelho para ele, e o ponto foi para a gente. Ao final do jogo, na hora de cumprimentar, ele disse ‘não cumprimento otário’. Até aí, tudo bem. Mas ele me empurrou debaixo da rede. Eu fiquei louco e parti para cima. Mas o pessoal me segurou, o Marcelo Mendez (treinador) me deu uma gravata. O teto escureceu, e eu fiquei furioso. Ele (Mário Júnior) correu para o vestiário. O baixinho aqui botou medo”, recordou Serginho em meio a risos.
Serginho falou também de um momento inesquecível que viveu no vôlei: o primeiro título mundial pelo Sada Cruzeiro, em 2013. “Na minha caminhada, o Mundial foi o ponto principal, a cereja do bolo. O primeiro título, contra os russos. A gente estava desacreditado. E nós quebramos as bolsas de apostas. No segundo título, falaram que foi comprado. Aí ganhamos de novo. E depois pararam de falar”, afirmou.