“Oraite”, pergunta a guia Mayara Andrade, da Luck Receptivo, aos visitantes em um ônibus a caminho de Barra do Cunhaú, no litoral sul do Rio Grande do Norte. Desde a Segunda Guerra Mundial, Natal sediou uma base militar dos EUA e, a partir daí, os moradores adicionaram ao idioma nativo expressões de língua inglesa, dando um toque regional à pronúncia. “Okay”, respondem os participantes do tour para entrar no clima potiguar.
No grupo de 25 pessoas que viaja a Cunhaú está o casal Alexandre Costa e Isabela e o filho deles, Igor, que pela primeira vez visitam essa região. “Viemos conhecer Cunhaú por indicação de amigos”, comenta Isabela. Boa parte dos turistas que embarca rumo à cidade é por conta do boca a boca, reconhece Mayara. “Cunhaú ainda não é um destino conhecido dos turistas, embora esteja coladinho a Pipa”.
Colado mesmo! De Pipa a Barra do Cunhaú gasta-se menos de 30 minutos, atravessando de balsa o rio Catú por Sibaúma. Cunhaú é uma região de praias de águas calmas e tranquilas, sem a multidão que assola os vizinhos mais famosos e turísticos. É onde três rios de água doce encontram o mar e adquirem uma coloração caribenha. No caminho até Cunhaú, avista-se viveiros de camarões – hoje, ao lado do turismo, a principal atividade do distrito.
Camarão
Desde o ano passado, o Rio Grande do Norte assumiu a posição de maior produtor de camarão do país. No trecho compreendido entre Natal e Cunhaú, está a maioria das fazendas de cultivo de camarão em cativeiro e dos laboratório de larvas de camarão do país, com 3,2 milhões de milheiros.
Depois de atravessar o município de Caguaretama, chega-se a Barra do Cunhaú, vilarejo com uma sequência de quatro belíssimas praias – Barrinha, Boca da Barra, do Pontal e Braço do Mar. Antes da travessia de catamarã para a ilha da Restinga, a guia Mayara convida o grupo a participar de uma das atividades populares na região: a pesca artesanal do caranguejo no mangue, com acompanhamento do guia Ítalo Oliveira.
Caranguejo
Desce-se do barco, percorre-se uma trilha de barro no mangue (descalço, é claro) e começa-se a cavar o solo em busca do crustáceo. Apesar de malsucedidas tentativas, a atividade é uma curiosidade que serve para relaxar os visitantes. De volta ao barco, Oliveira ensina as diferenças entre as espécies de caranguejo e o sistema reprodutivo, convidando à degustação do crustáceo. A unidade custa, em média, R$ 4,50 nos restaurantes da cidade.
Dali por diante é só fechar os olhos e imaginar um lugar bonito e tranquilo. De um lado, o vilarejo rústico e praiano; do outro, a menos de dez minutos, um rio com uma prainha de areia brancas, barraquinhas bem rústicas, redes e mesinhas de madeira dentro d’água, onde pode deliciar-se com petiscos, bebericando drinques de frutas exóticas, tomando banhos refrescantes ou praticando esportes como stand up paddle e caiaque.
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😊🛶 Barra do Cunhaú é um refúgio de tranquilidade no litoral Sul do Rio Grande do Norte, que ainda é desconhecido dos turistas.🌅 O vilarejo fica a menos de 30 minutos de balsa da popular praia de Pipa. 🦀A pesca artesanal do caranguejo no mangue é uma das atividades mais populares da região. 😆 Apesar das malsucedidas tentativas do guia Ítalo Oliveira, a atividade é uma curiosidade que serve para relaxar os visitantes. 📲 Quer saber mais sobre a Barra do Cunhaú? Confira o caderno #Turismo dos jornais Super Notícia e O Tempo, além da coluna 'Super Viagem' na @oficialradiosuper. #trip #travel #barradocunhau #rn #riograndedonorte #pipa #caranguejo #litoralnordestino #litoral #pesca #vilarejo #travelmore #viagem #viagens
Uma publicação compartilhada por Super Viagem (@superviagemoficial) em 23 de Jul, 2019 às 10:23 PDT
Gastronomia
Barraca do Tonho virou uma referência para passar o dia
Ex-militar, Antonio Manoel de Oliveira, o Tonho, abriu seu quiosque de palha na praia da Barra há 27 anos em cima de uma duna. Na época, lembra ele, não tinha energia nem estrada em Cunhaú. Por esse motivo, só servia aos turistas – estrangeiros que vinham a passeio de Pipa – cachaça, conhaque e um tira-gosto, a tainha. A cerveja veio depois, trazida de Baía Formosa de canoa. Hoje, o quiosque é um restaurante rústico à beira do rio Catu, parada obrigatória para o turista se refrescar na praia e experimentar as especialidades locais – o mixtão com filé de peixe, camarão e lagosta, a R$ 200, a peixada com camarão, a R$ 130, e a paçoca de carne de sol desfiada e batida no pilão, a R$ 74, pratos que servem muito bem duas pessoas.
Em 1998, Tonho abriu o restaurante Solimar do outro lado da rua. O cardápio é o mesmo: refeições que variam entre R$ 72 e R$ 200, petiscos, caldos e coquetéis. Ainda na beira do rio, ele instalou a Pousada Áurea, com dez quartos simples e diárias a partir de R$ 120, com apartamentos para até seis pessoas.
Quatro praias com peculiaridades e povoado histórico
Há quem diga que Barra do Cunhaú tem uma só praia, não é bem assim. Apesar de sequenciais e de parecerem uma única, as praias do vilarejo revelam novos cenários. De Boca da Barra a Barrinha, onde deságua o rio Catu, na divisa com o vilarejo de Sibaúma, elas adquirem peculiaridades. Uma caminhada é o jeito indicado de conhecer as diferenças.
Logo na entrada do vilarejo, vê-se uma faixa de água que adentra a Mata Atlântica de um lado e forma um mangue do outro. Os desavisados acreditam se tratar de um rio, mas, na verdade, é um braço de mar que se encontra com três rios – Cunhaú, Guaratuba e Curimataú –, misturando água doce e salgada. O banho de lama do mangue é uma tradição local.
Restinga
Boca da Barra é o ponto de partida dos barcos para as praias da ilha da restinga. Antes do encontro do rio Curimataú com o mar, águas calmas e tranquilas; depois, ondas fortes como chamariz para surfistas. Maior em extensão, a praia do Pontal é onde se concentra a maioria das barracas de praia, restaurantes, hotéis, pousadas e casas de veraneio.
No final do vilarejo, onde se encontra a barraca do Tonho, a praia de Barrinha proporciona um banco de areia na maré baixa. É também onde o rio Catu se encontra com o mar. Na maré baixa, rochas formam uma banheira de hidromassagem natural, e, na divisa com Sibaúma, uma ponta de areia proporciona um lugar aprazível para banhos. Quem der sorte pode ver tartarugas-marinhas.
Vila Flor
Para fugir do programa praia, recomenda-se um passeio à Vila Flor, um dos primeiros núcleos de colonização portuguesa no Rio Grande do Norte, batizada inicialmente como Aldeia Gramació, ainda nos idos de 1700. Tombada pelo patrimônio nacional, a vila tem a Casa da Câmara e Cadeia, a igreja de Nossa Senhora do Desterro e a fortificação dos Sete Buracos.
Em 2003, pesquisadores do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) descobriram um túnel durante a construção das paredes de criadouros de camarão. Supõe-se que essas galerias teriam sido utilizadas na obtenção de minério de ferro para os engenhos da região, no século XVII. Hoje, elas fazem parte de um sítio arqueológico.
SERVIÇO
Como chegar
Para chegar a Barra do Cunhaú a partir de Natal, pegue a BR–101, entre no município de Canguaretama e depois siga 13 km pela RN–269 até o litoral.
Onde comer
Barraca do Tonho. No Rio Catu, na travessia para Pipa, s/nº , barracadotonho.com ou facebook.com/bdotonho.
Solimar. Av. Gilberto Rodrigues, s/nº - Barra do Cunhaú, solimar.com.br.
Onde se hospedar
Blue Dream Resort. Av. do Pontal, 6, bluedreamresort.com.br.
Pousada do Forte. Diária casal a partir de R$ 180 com café da manhã. Av. do Pontal, 293, pousadaforte.com.br.
Pousada Morada da Lu. Av. do Pontal, 260, pousada moradalua@gmail.com.
Pousada Nova Holanda. Diária casal a partir de R$ 100 com café da manhã. Av. Gilberto Rodrigues da Silva, s/nº, pousadanovaholanda.com.
Pousada dos Peixes. Av. Gilberto Rodrigues da Silva, s/nº, pousadadospeixes@hotmail.com.
Pousada Yemanja Cunhaú. Av do Pontal, 6, yemanja barra.com ou facebook.com/ pousadayemanjacunhau.
Recanto dos Coqueiros. Diária casal a partir de R$ 140 com café da manhã.Av. Gilberto Rodrigues da Silva, 276, pousadarecantodoscoqueiros.com.br.
Pousada Áurea. Diária casal a partir de R$ 120 com café da manhã. Crianças até 10 anos não pagam. facebook. com/Pousada-Aurea.