Culinária e patrimônio. Esses são os ingredientes do 1º Festival Internacional de Cozinha Mineira Contemporânea – CaipiBlue, lançado nesta segunda-feira (21) em um evento no Palácio da Liberdade, com direito a um café tipicamente mineiro no Salão de Banquete e pequenas doses do drink que mistura cachaça, suco de limão-taiti, xarope de açúcar e Curaçao Blue.
Segundo o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, o evento nasceu há 40 dias, quando Minas protegeu como patrimônio histórico o milho e a mandioca. “Temos de dar continuidade ao modo de fazer da cozinha mineira. Precisamos avançar no sentido de mostrar que a riqueza de nossa cozinha tem apresentação na forma contemporânea”.
O CaipiBlue deve ser aberto no dia 1º de setembro e propõe a celebração da cozinha mineira como patrimônio imaterial do Estado e o intercâmbio cultural. O país convidado é Curaçao. Outro mote é o voo semanal da Azul, inaugurado em 24 de junho, direto de Belo Horizonte para a ilha, a partir de agora importante porta de entrada para os brasileiros no Caribe.
O evento, que acontece até 3/9 no Circuito Liberdade, terá simpósio, encontros de negócios, feira com produtores mineiros, experiências gastronômicas e jantares beneficentes. Segundo o curador Felipe Rameh, o CaipiBlue faz parte da estratégia da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de falar com Minas, com o Brasil e com o mundo.
Jantares beneficentes
Rameh vai comandar, junto com o chef Caio Sotter, e de forma alternada, dois almoços e dois jantares temáticos beneficentes, com renda convertida para o Servas e que será repassada aos hospitais Santa Casa de Misericórdia, Baleia, Mário Penna e São Francisco. Os convites já estão à venda, com limitação de 40 pessoas por evento. Segundo Oliveira, será primeira vez na história que o palácio abrirá suas portas para um jantar beneficente.
“O evento foi desenhado para ser filantrópico. A experiência começa no hall de entrada, com canapés e tapas, e depois entra para a Sala de Banquete, onde vamos servir uma sequência de pratos, ou seja, comidinhas que contam história”, destaca o chef, um defensor da “cozinha de quintal” e que também comanda o programa “Coisas Daqui”, na TV Globo.
Feirinha na rua e estações no palácio
“Vamos promover no CaipiBlue várias ações: uma feira de produtos artesanais mineiros na rua, como cafés especiais, vinhos e azeites mineiros, e um simpósio na praça da Liberdade para falar de patrimonialização. Além disso, teremos oito estações de cozinha mineira em torno do palácio para trazer um pouco de contemporaneidade para essa experiência”.
Nos jardins do palácio, serão concebidos espaços planejados por arquitetos e decoradores, destacando elementos da mineiridade. Chefs e restaurantes convidados prepararão pratos especiais, além de oferecer cozinhas e drinks-show. Na alameda da Educação, na praça da Liberdade, produtores mineiros oferecerão uma seleção de cafés, doces e queijos.
No que toca aos negócios, o secretário Leônidas Oliveira lamenta que Minas Gerais ainda não tenha um esquema forte de exportação de seus produtos típicos. “Nem no bairro de Ipanema, no Rio, nós encontramos nosso queijo. Dos 367 alambiques de Minas, somente quatro exportam para fora do Brasil. Somos conhecidos no mundo inteiro pela caipirinha”, disse.
Simpósio
Sobre o simpósio “Conversa de Cozinha”, que tomará conta da alameda central da praça da Liberdade, a céu aberto, o curador Roger Vieira lembrou que Minas Gerais foi o primeiro Estado a registrar um bem de sua cultura alimentar como patrimônio imaterial do Estado e do país, ao garantir a proteção dos modos de saber e fazer do queijo minas artesanal.
“Não tem com pensar na patrimonialização da comida sem pensar nos modos de produção, dos saberes constituídos de toda essa ancestralidade, saberes que são feitos e refeitos e passados de geração a geração. E, a cada repassar, uma atualização”, explica. “O que é a contemporaneidade senão a atualização de nossas origens?”, ressalta Vieira.
Para o simpósio, estarão presentes, segundo ele, algumas das pessoas mais importantes nesse processo de patrimonialização, entre eles os professores Maria Coeli Simões Pires e José Newton Coelho Meneses, autores de estudos que embasaram os processos de registro dos modos de fazer o Queijo Minas Artesanal (QMA) em nível estadual e federal.
Curso de pós-graduação
Durante o simpósio, ainda será lançada a primeira pós-graduação em cozinha mineira contemporânea pela Faculdade Arnaldo, que deve começar, de acordo com João Guilherme Porto, diretor executivo da faculdade, em setembro. Este será o primeiro curso. Além do Arnaldo, outras instituições participam do evento, como Una, Estácio e Promove.
Para o festival, uma delegação de Curaçao, formada por autoridades, empresários, jornalistas e bartenders, desembarcará na capital mineira. Jornalistas participarão de presstrip a atrativos turísticos de Minas, como Ouro Preto e Inhotim. Mixologistas curaçalenhos vão preparar o CaipiBlue numa estação nos jardins do palácio para o público.
Recorde histórico
“Aquela ilha tem uma magia, são apenas 444 km² e 160 mil habitantes, mas é um amor tão grande que a gente se apaixona. O mar nos acolhe, a água é cristalina. Historicamente, o brasileiro volta até três vezes a Curaçao. Nós já até fazíamos nesses últimos anos o link entre comida crioula e culinária mineira”, destaca Janaína Araújo, do Curaçao Tourism Board.
Janaína revela que em julho Curaçao bateu um recorde, atingindo meio milhão de visitantes, dos quais 3.000 são brasileiros. “Isso é histórico, nunca tivemos 3.000 brasileiros em um único mês em Curaçao. E essa conexão é graças à Azul, que escolheu assertivamente a saída de Belo Horizonte. Hoje, o CaipiBoue é o assunto mais comentado em Curaçao. Os empresários estão ávidos para chegar aqui e fazer negócios”, ressalta a executiva.
Novas frequências da Azul
Como é uma ilha pequena, que não planta nada, Curaçao precisa de tudo e, segundo Janaína, Minas tem tudo. Ela ainda enfatizou a segunda frequência da Azul a partir de dezembro, na alta temporada. “O mineiro ganhou praia. Curaçao é a Ibiza do sul do Caribe. Não tem furacão, é uma ilha segura e com o mar de tirar o fôlego”, acrescenta.
Dezoito dias após a inauguração do voo, a Azul anunciou que vai dar mais uma opção de voo direto para quem planeja aproveitar os feriados de outubro e novembro. De 11 de outubro a 23 de novembro, além do voo que parte do Brasil aos sábados, às 13h, e do voo que retorna da ilha às 8h30, aos domingos, haverá voos extras também durante a semana.
Uma aeronave partirá toda quarta-feira, às 13h, do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, para pousar em Curaçao às 18h. Já no sentido inverso, a decolagem está programada para ocorrer às quintas-feiras, saindo da ilha caribenha às 9h, com chegada prevista para as 16h na capital mineira. As tarifas estão a partir de R$ 1.173 o trecho.
Memórias afetivas
Durante o evento, Christiana Renault, presidente do Servas, disse que Curaçao traz uma memória afetiva. “Foi a única viagem internacional que fiz com minha mãe, na década de 1990, antes de ela falecer”, destacou. Já o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas e do CDL-BH, Marcelo Souza e Silva, recordou que, há exatos 29 anos, ele e a esposa, Silvana, passaram a lua de mel em Curaçao, quando a ilha ainda era um destino pouco conhecido.
Presente ao evento, Chris Kumaira, diretora de Comunicação e Sustentabilidade, disse que a Cemig já é a maior incentivadora da cultura em Minas. Já Guilherme Mesquita, diretor de Comunicação da Gasmig, enfatizou que o gás natural é combustível de diversas cozinhas mineiras. “A culinária impacta a cultura, o turismo, fazemos parte dessa tradição”, disse.
O 1º Festival Internacional de Cozinha Mineira Contemporânea – CaipiBlue é uma realização do governo de Minas, com patrocínio da Cemig e Gasmig, via Lei de Incentivo Estadual, com apoio de entidades como CDL-BH, Sebrae Minas, Senac e governo de Curaçao.
Serviço:
O que: do 1º Festival Internacional de Cozinha Mineira Contemporânea – CaipiBlue
Quando: 1 a 3/9
Onde: Circuito Liberdade
Informações: Instagram / Cozinha Mineira Contemporanea