Semana Santa

Ouro Preto inaugura exposição dia 21 para relembrar viagem dos modernistas

Mostra reúne na Casa de Gonzaga 18 edições originais de livros raros de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Blaise Cendrars e Paulo Prado, além de revistas da época


Publicado em 04 de março de 2024 | 15:25
 
 
 
normal

Os modernistas serão lembrados pela Prefeitura de Ouro Preto durante a Semana Santa. Quem viajar à cidade histórica, no período de 21 a 31 de março, poderá apreciar a exposição “A viagem da redescoberta: os modernistas nas cidades históricas de Minas”, celebrando os cem anos (1924-2024) da visita dos modernistas às cidades de Minas.

Na Semana Santa de 1924, após passar por Belo Horizonte, um grupo de modernistas, formado pelos escritores Mário de Andrade e Oswald de Andrade, a pintora Tarsila do Amaral, o poeta franco-suíço Blaise Cendrars, o jornalista René Thiollier, a fazendeira Olívia Guedes Penteado e o advogado Goffredo Telles, decide conhecer as cidades históricas de Minas, principalmente Ouro Preto.

A ideia da exposição surgiu de uma conversa de Romulo Pinheiro, presidente do Peck Pinheiro, e o prefeito Angelo Oswaldo. Bibliófilo, Romulo e a esposa Patrícia reuniram entre 40 mil e 50 mil livros no Instituto Peck, acalentando o sonho de montar o Museu da Literatura Brasileira em Ouro Preto, algo inédito do Brasil. Dessa coleção, de 4.000 a 5.000 são raros. O Instituto Peck Pinheiro exatamente foi criado para incentivar o amor à leitura e à preservação de grandes obras de nossa literatura.

Na exposição na Casa de Gonzaga, os visitantes vão ter oportunidade de ver as edições originais de livros raros, em primeira edição, algumas autografadas, de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Blaise Cendrars e Paulo Prado, o mecenas do grupo, entre eles “Paulicéia Desvairada”, “Clan do Jaboti”, “Macunaíma”, “Manifesto Antropófago” e “Pau-Brasil”, além do primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade, exemplares das revistas “Klaxon” e “Da Verde,” do grupo modernista de Cataguases, e ilustrações de Tarsila do Amaral.

Curador da exposição, Pinheiro acredita que a viagem a Minas foi a inspiração que faltava aos modernistas para toda a produção artística que viria a seguir, em livros e pinturas. “Acredito que essa viagem foi o encontro do conteúdo, de redescobrir o Brasil genuíno e original, que era um princípio do movimento modernista”, salienta.

Pinheiro atenta para o fato de que na Semana de Arte Moderna de 1922, os modernistas ainda não tinham conteúdo e publicaram apenas o livro “Pauliceia Desvairada”, de Mário de Andrade. “Todas as outras obras foram publicadas após a visita às cidades históricas de Minas, em 1924”, destaca, citando livros emblemáticos como “Pau-Brasil” (1925) e “Macunaíma” (1928).

“A viagem deu aos modernistas um conteúdo sobre a originalidade, com Mário de Andrade redescobrindo Aleijadinho e o barroco mineiro como salgo autenticamente nacional, não copiado da França, da Europa em geral. Naquela época, havia muita produção essencialmente na metrópole, que era o Rio de Janeiro, não se avançava muito para o resto do Brasil”, explica.

Confira os livros na exposição:

Paulicéia Desvairada (Mário de Andrade, autografado por René Thiollier, 1922)
A escrava que não é Isaura (Mário de Andrade, 1925)
Clan do Jaboti (Mário de Andrade, 1927)
Macunaíma (Mário de Andrade, 1928)
O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (Mário de Andrade, 1935)
Manifesto Antropófago (Oswald de Andrade / Tarsila do Amaral, 1924)
Memórias Sentimentais de João Miramar (Oswald de Andrade / Tarsila do Amaral, 1924)
Pau-Brasil (Oswald de Andrade / Tarsila do Amaral, 1925)
Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade, 1927)
Feuilles de Route (Blaise Cendrars / Tarsila do Amaral, 1924)
Juiz de Fora – Poema Lírico (primeiro livro modernista de Minas (Austen Amaro / Pedro Nava, 1926)
Meia Pataca (Guilhermino César / Francisco Peixoto, autografado para Paulo Mendes de Almeida, 1928)
Retrato do Brasil – Ensaio sobre a tristeza brasileira (Paulo Prado, 1928)
Número 2 e 4 originas da Revista Klaxon, 1922)
Números 1, 2 e 3 originais da Revista Verde, 1927)
Roteiro Lírico de Ouro Preto (Afonso Arinos / Pedro Nava, 1937)
Guide d’Ouro Preto (Manoel Bandeira, autografado “Salvemos Ouro Preto, 1948)
A Visita (Carlos Drummond de Andrade, 1977)

Serviço

O que: exposição “A viagem da redescoberta: os modernistas nas cidades históricas de Minas”
Onde: Casa de Gonzaga (rua Cláudio Manoel, 61, centro histórico)
Quando: 21 a 31 de março
Horário de funcionamento: de terça-feira a domingo, de 10h às 17h
Entrada: gratuita

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!