
Viagens Master: 'não faltarão esforços para cumprirmos nossas responsabilidades'
Presidente do grupo, Fernando Dias, culpa a segunda onda de coronavírus e a adoção de lockdowns ainda mais restritos para o pedido de recuperação judicial

O presidente do Grupo Master, Fernando Dias, afirmou nesta quinta-feira, em entrevista ao portal O TEMPO, que a operadora Viagens Master deverá apresentar no prazo 60 dias, como determina a lei, um plano de recuperação judicial para ser aprovado pela Justiça. Sobre as pessoas que compraram pacotes da Viagens Master com as agências parceiras, ele afirmou que "não faltarão esforços para cumprirmos todas as nossas responsabilidades".
Nesta quarta-feira (31/3), a operadora Viagens Master comunicou ao mercado que entrou com pedido de recuperação judicial, que foi aprovado pela Justiça no dia 24 de março. No comunicado, Dias aponta a segunda onda de coronavírus e a adoção de lockdowns como determinantes para o pedido. "A principal dificuldade nos últimos meses foi administrar a queda acentuada das vendas e ajustar a empresa para a nova realidade", afirmou.
Medidas
Fernando Dias reconhece que as medidas tomadas pelo governo federal no último ano para resguardar a saúde financeira das empresas de turismo foram importantes, mas não suficientes. "O governo liberou crédito para as pequenas empresas, mas as médias e grandes tiveram muitas dificuldades, como se elas fossem imunes ao problema", salientou.
Hoje, a queda das vendas na Viagens Master, segundo o empresário, está no mesmo patamar de toda indústria do turismo. Dados recentes da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) mostram que a queda no último mês foi superior a 50%. "Bem ninguém está no turismo", reconhece Roberto Nedelciu, presidente da entidade.
Fernando Dias afirma ainda que "as viagens domésticas estão acontecendo, mas em nível muito inferior ao que tínhamos antes da pandemia, enquanto as viagens internacionais estão praticamente paralisadas". O presidente do Grupo Master cita a redução significativa da oferta de voos e a limitação do deslocamento das pessoas como outros problemas.
Comunicado
"Queremos deixar bem claro que se trata de uma recuperação judicial, um tempo que a justiça concedeu à empresa para que ela se recomponha financeiramente e promova os ajustes necessários e volte ao mercado em condições até melhores do que antes, na oferta de seus produtos e serviços", afirma o comunicado da Viagens Master. O comunicado ainda esclarece que a operadora continuará de portas abertas para responder às dúvidas que surgirem de agentes, fornecedores e viajantes pelo e-mail rj@viagensmaster.com.br
Desde o início da pandemia, dos 78 associados à Braztoa, entidade que representa as operadoras de turismo, apenas 49 continuam ativos. No ano passado, a Queensberry, representada em Minas pela VTours, também entrou com pedido de recuperação judicial; outras duas operadoras - New Age e MGM - encerraram as atividades.
Levantamento
Em março do ano passado, quando começou a pandemia, muitos países fecharam fronteiras aos turistas estrangeiros, e boa parte das operadoras que comercializava pacotes internacionais migrou para o turismo doméstico. O mercado ensaiou uma reação a partir de novembro, quando veio uma nova onda de coronavírus e paralisou os negócios.
"O governo tem de trabalhar o turismo de forma diferente. Não pode ter soluções horizontais para todas as empresas, para cada paciente tem de dar um remédio diferenciado", entende Roberto Nedelciu. Hoje, segundo ele,. o segmento precisa de isenção temporária de impostos, desoneração da folha de pagamento e linhas de crédito facilitadas.
Segundo levantamento recente da Braztoa com os associados, divulgado nesta quinta-feira, 52% das operadoras consideram que o faturamento do primeiro semestre deste ano não atingirá 50% em comparação com o mesmo período anterior. Já em relação ao segundo semestre, o número de empresas que espera faturamento inferior a 50% cai para 48%. Apenas 20% das operadoras espera faturamento maior que no mesmo período em 2021.
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