Chegou a vez de Maria Alcina levar o característico timbre grave e profundo de sua voz para o projeto Salve Rainhas – que vêm ocupando a Funarte nas últimas semanas – não apenas para cantar, mas também para contar histórias. É uma visita à longa trajetória da menina que saiu de casa em Cataguases, no interior mineiro, por imposição do pai (“Só volta quando trouxer dinheiro”, ela lembra) e que abalou as estruturas do Maracanãzinho cantando no Festival Internacional da Canção de 1972.
Anos antes, ela já batalhava por seu espaço ao sol carioca. “Cheguei para trabalhar com o Antônio Adolfo, no estúdio dele”, relembra. “Depois fui crooner da boate Number One e participei da peça ‘Vem de Ré que Estou de Primeira’, que foi o último trabalho da Leila Diniz. O (produtor) Solano Ribeiro, me viu e me convidou para defender e lançar uma música inédita do Jorge Ben no festival”. A música era “Fio Maravilha”, um dos maiores hinos futebolísticos do país, clássico que elevou a carreira de Alcina.
No início da década passada, teve outra experiência, quando gravou o belo disco “Agora” com grupo paulista Bojo. “É totalmente diferente de tudo que já fiz, uma outra levada, é bonito. Tem vezes que pego esse disco e me emociono”, diz. “Daqui 20 anos esse trabalho ainda soará atual”, diz, orgulhosa. O disco traz regravações de sucessos seus em roupagem eletrônica e experimental, além de canções de artistas da nova safra como “Tarja Preta”, de Wado.
E Maria Alcina volta, sabiamente, a recorrer aos novos talentos da nossa música para o próximo trabalho, em gravação. “Será uma celebração de 40 anos de carreira. Continua a pegada moderna eletrônica, com regravações e seis músicas inéditas, assinadas por gente como Karina Buhr, Zeca Baleiro e Arnaldo Antunes”, revela.
Maria Alcina no projeto Salve Rainhas.
Amanhã e domingo, às 19h, na Funarte MG (Rua Januária, 68 – Floresta).
Ingressos: R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia). 1