Dois dias após anunciar a redução do limite de financiamento para imóveis usados de 80% para 50%, a Caixa Econômica Federal (CEF) suspendeu em todo o país essa mesma linha de crédito pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), operação que utiliza recursos da poupança. A informação é de uma fonte que presta serviços para o banco, que ainda ressaltou: mesmo os clientes com o crédito já aprovado podem não conseguir assinar os contratos a partir de hoje. A Caixa, no entanto, informou, no início da tarde desta quinta-feira (30), por meio de sua assessoria de imprensa, que os financiamentos "podem ser contratados em todas as agências do banco".
Fontes ligadas ao banco contaram à reportagem de O TEMPO que, ao tentar cadastrar um cliente no sistema da Caixa nessa linha de financiamento, a modalidade havia sumido. “A mensagem que aparece é a de que não existe reserva orçamentária para essa cota, ou seja, o banco está sem dinheiro”. Segundo ela, após entrar em contato com o banco para saber se existia algum problema técnico, uma alta funcionária da Caixa confirmou a retirada da linha de crédito do sistema, cujo acesso é restrito aos correspondentes. A justificativa para o corte seria a falta de recursos da poupança. “Com os boatos de que o governo preparava um confisco, o dinheiro sumiu”, contou uma outra funcionária. A ordem agora é avaliar a situação de cada agência para definir a sua capacidade de oferta de crédito. No caso de a meta já ter sido alcançada ou ultrapassada, mesmo financiamentos nas novas regras estarão suspensos. Os já autorizados, mas que não foram assinados, também correm o risco de serem cancelados ou terem seus limites ajustados.
Procurada nessa quarta-feira (30), a Caixa não se posicionou. Às 12h11 desta quinta-feira (30), o banco enviou nota oficial a O TEMPO informando que os financiamentos "não estão suspensos e podem ser contratados em todas as agências". E ressaltou que a elevação da taxa Selic e o impacto da redução da captação da poupança fazem com que a Caixa esteja considerando o FGTS e o programa Minha Casa, Minha Vida como principais fontes de recursos para crédito imobiliário.
As regras anunciadas na última segunda-feira (27) passariam a valer no próximo 4 de maio e, segundo alegou a Caixa, principal responsável pelo financiamento de imóveis do país, o foco deste ano será o financiamento de imóveis novos “com destaque para a habitação popular – operações do Minha Casa, Minha Vida e recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)”, que, até então, não sofreriam alteração.
Pelas novas regras, a cota de financiamento de imóveis usados passariam de 80% para 50% nas operações do Sistema Financeiro de Habitação, e de 70% para 40% para imóveis no Sistema Financeiro Imobiliário.
A Caixa também reduziu o percentual máximo de financiamento de 90% para 80% nas operações do SFH. Para contratações que usam a Tabela Price, em que as prestações iniciais são menores, o financiamento máximo caiu de 70% para 50%. A Caixa detém 70% de todos os financiamentos de imóveis do país. “O objetivo é dificultar cada vez mais o financiamento, já que não tem (a Caixa) dinheiro. Os critérios também ficaram bem mais rígidos”, afirmou a fonte do banco.
Íntegra da nota da Caixa
Com relação à matéria publicada na edição de hoje (30) do jornal O Tempo, a Caixa Econômica Federal informa que os financiamentos imobiliários não estão suspensos e podem ser contratados em todas as agências do banco.
A CAIXA ressalta que as concessões de crédito imobiliário estão ocorrendo dentro das novas regras e os financiamentos habitacionais contratados com recursos do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) não sofreram nenhuma mudança em suas condições.
A CAIXA informa ainda que, para este ano a principal fonte de recurso para crédito imobiliário será o FGTS e as operações do Programa Minha Casa Minha Vida. Isso ocorre por motivo da elevação da taxa Selic e do impacto da redução da captação da poupança.
Atualizada às 13h06