A violência urbana continua fazendo com que negros sejam os mais expostos a assassinatos no Brasil. De acordo com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgados na manhã desta quinta-feira (17), a cada três assassinatos, dois são de negros.
Com a soma da população das 226 cidades com mais de 100 mil habitantes, a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior em comparação com os brancos.
Os dados fazem parte do artigo Segurança Pública e Racismo Institucional, feito por Almir de Oliveira Júnior e Verônica Couto de Araújo Lima, respectivamente pesquisador do Instituto e acadêmica da área de Direitos Humanos da UnB (Universidade de Brasília).
Ao analisar o racismo institucional dentro das polícias, os autores conceituam o termo como sendo "o fracasso coletivo das instituições em promover um serviço profissional e adequado às pessoas por causa da sua cor."
A pesquisa ainda aponta que negros são maiores vítimas de agressão por parte de policiais do que brancos.
A Pesquisa Nacional de Vitimização mostra que 6,5% dos negros que sofreram uma agressão no ano anterior à coleta dos dados pelo IBGE, em 2010, tiveram como agressores policiais ou seguranças privados, na maioria dos casos, policiais trabalhando em horários de folga, contra 3,7% dos brancos.
Ainda segundo o diretor do Ipea, Daniel Cerqueira, a chance de um negro ser vítima de homicídio é oito pontos percentuais maior, mesmo quando se comparam indivíduos de outras etnias com escolaridade e características socioeconômicas semelhantes.