O advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, afirmou nesta quarta-feira (14) que o ex-diretor sempre esteve à disposição das autoridades e ainda citou a presidente da Petrobras, Graça Foster, ao falar sobre a prisão do cliente. "Se é crime para Nestor, é crime para Graça", disse. Segundo ele, Graça também teria transferido bens para nome de familiares, motivo pelo qual Cerveró teve sua prisão preventiva pedida.
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras foi preso pela Polícia Federal, na madrugada desta quarta, em um aeroporto do Rio de Janeiro. A prisão aconteceu por volta de 0h30, no momento em que Cerveró desembarcava no Aeroporto Internacional Tom Jobim, mais conhecido como Galeão.
O ex-diretor é investigado na Operação Lava Jato e seria um dos responsáveis pelo esquema de cartel e corrupção na Petrobras, que arrecadou de 1% a 3%. Entre as acusações pesa sobre Cerveró o envolvimento no caso da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Cerveró passou toda a madrugada em uma sala especial determinada pela PF nas dependências do terminal aeroportuário, de onde seguiu em avião de carreira para Curitiba, onde estão presos outros acusados de participar da Operação Lava Jato.
Por meio de nota, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que o mandado de prisão preventiva foi cumprido uma vez que “há indícios de que o ex-diretor continua a praticar crimes e se ocultará da Justiça”.
Além disso, o MPF alega que "a custódia cautelar é necessária, também, para resguardar as ordens pública e econômica, diante da dimensão dos crimes e de sua continuidade até o presente momento, o que tem amparo em circunstâncias e provas concretas do caso".
Durante a madrugada foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de Cerveró e de parentes. Informações obtidas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicavam, entre outras coisas, que o executivo tentou transferir para sua filha R$ 500 mil, em uma operação em que perderia soma considerável de dinheiro, além de imóveis adquiridos com recursos de origem duvidosa e por valores abaixo dos praticados no mercado.
Em entrevista à TV Globo, o advogado do ex-diretor, Edson Ribeiro, negou as acusações e afirmou que o pedido de prisão preventiva não têm fundamento. O defensor reúne documentos para entrar com o pedido de habeas corpus do seu cliente.
A previsão é que Nestor Cerveró seja levado para a sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, já na manhã desta quarta.
Denúncia do MPF
Nestor Cerveró foi denunciado pelo MPF em dezembro, por lavagem de dinheiro e corrupção ativa, quando passou a réu no processo da Operação Lava Jato, juntamente com o doleiro Alberto Youssef, com Fernando Antonio Falcão Soares, que seria o operador do PMDB no esquema, além de empresários de várias empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras.
Ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Cerveró foi apontado pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, em acordo de delação premiada, como um dos principais beneficiados no esquema de propina que envolveu a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos – negócio que teria gerado prejuízos de US$ 792 milhões à estatal.