BRASÍLIA. Até 2023, a tendência é que o Brasil continue tendo altas taxas de violência, acompanhada do endurecimento da legislação penal, do aumento da população carcerária e do monitoramento eletrônico, da expansão do tráfico e da manutenção da política antidrogas atual. A criminalidade no interior do país também deverá continuar crescendo, assim como a ação de organizações e facções criminosas no Brasil. Essas são algumas das conclusões do estudo “Violência e Segurança Pública em 2023: Cenários Exploratórios e Planejamento Prospectivo”, divulgado nesta segunda pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com a pesquisa, a mudança na lei do desarmamento proposta pelo Congresso e o aumento da crise econômica vão contribuir com o cenário.

O estudo também conclui que o Brasil continuará sendo um país de jovens, com elevada desigualdade social e fácil acesso a armas de fogo. Outra tendência é que tenha continuidade a ampla divulgação de ocorrências criminais, acompanhada de alta sensação de insegurança. Por outro lado, conclui que haverá aprimoramento das políticas públicas de segurança. Além disso, vê um aumento da privatização da segurança e uma maior difusão de tecnologias.

O estudo também apontou o que é chamado de “incertezas-chaves”, ou seja, grandes incertezas sobre o que pode ocorrer nos próximos anos. O estudo questiona, por exemplo, se haverá um desenvolvimento social inclusivo capaz de influenciar os índices de violência.

Indaga também se os municípios terão mais poder na área de segurança pública, se haverá maior integração entres as polícias e se a relação das forças policiais com a sociedade vai melhorar. É incerto ainda se haverá progressos na investigação criminal, se os entes federados vão conseguir trabalhar em conjunto no combate ao crime organizado, se haverá melhorias nos resultados das políticas de reintegração social e das medidas socioeducativas.

O estudo condena a opção por uma política mais repressiva e encarceradora, uma vez que isso não diminuiria a violência. E destaca, por exemplo, que o encarceramento em massa “facilita o recrutamento do jovem no crime organizado, além de permitir um aprendizado das tecnologias criminosas, cujo resultado retorna às ruas”.

Drogas

Política antidrogas. O estudo defende que seja mais focada em medidas que reduzam o consumo dos usuários, e não no combate ao tráfico, e prega ainda um maior controle de armas de fogo.