Rio de janeiro. Os investigadores usam a tecnologia pra rastrear os assassinos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, assassinados a tiros na última quarta-feira. A Polícia Civil está com os dados das cinco empresas de telefonia que operam na região do crime.
As informações coletadas são das 26 antenas de celulares do trajeto feito pelo carro da vereadora. Os agentes analisam os sinais dos telefones celulares usados no percurso.
Imagens de uma câmera de segurança – obtidas com exclusividade pelo Fantástico – mostram que os assassinos chegaram antes de Marielle na Rua dos Inválidos na quarta-feira.
O carro dirigido por Anderson Gomes chega dois minutos depois. Marielle e mais duas pessoas descem e entram na Casa das Pretas, local do evento. Anderson volta de ré e passa rente ao carro onde estariam os assassinos.
As imagens revelam que pelo menos duas pessoas estavam dentro do carro dos criminosos.
A polícia investiga se a pistola 9 mm estaria com o chamado kit rajada, que permite disparar 20 balas por segundo. O promotor designado para acompanhar as investigações, esteve durante duas horas na Divisão de Homicídios na segunda-feira (19).
Na saída, Homero Feitas disse que o foco da investigação agora é descobrir o motivo do crime. Por isso, a partir desta terça (20) vão ser tomados novos depoimentos de parentes, amigos de trabalho da vereadora.
Na segunda-feira, o delegado Gutemberg Souza Filho, titular da delegacia de Ubá, na Zona da Mata de Minas, descartou a participação do proprietário do veículo suspeito encontrado no município no domingo, no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
O carro, da marca Renault, modelo Logan, é semelhante a um dos veículos usados na emboscada e foi localizado graças a uma denúncia anônima.
Visita antecipada. A relatora do Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), a chilena Antonia Urrejola, vai antecipar sua visita de trabalho ao país após a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes.
“A visita de trabalho será muito importante, pois nos permitirá ver as áreas específicas que requerem nossa maior atenção. Nos preocupa especialmente a situação das defensoras e dos defensores de direitos humanos”, afirmou Urrejola.
Preocupado com a pressão internacional, o governo estuda recompensar com R$ 100 mil quem der informação que permita prender os assassinos da vereadora.
Interventor pede R$ 3,1 bilhões
Rio de Janeiro. Passados pouco mais de 30 dias do início da intervenção federal na segurança do Rio, só agora o general Braga Netto, comandante Militar do Leste e escolhido para ser o interventor, tomou conhecimento do tamanho do problema que tem pela frente: um levantamento realizado ao longo do mês de fevereiro por seus assessores revela que seriam necessários R$ 3,1 bilhão para a Segurança Pública quitar dívidas com fornecedores e por salários em dia.
Na manhã de segunda-feira, porém, o presidente Michel Temer disse que pretende enviar ao Rio cerca de R$ 800 milhões, menos de um terço da necessidade real da segurança.
Na ponta do lápis, os cálculos do interventor levam em conta R$ 1,6 bilhão de restos a pagar (as despesas empenhadas, mas não pagas) de 2016 até 2017; e cerca de R$ 1,5 bilhão de dívidas contraídas este ano. O que torna a oferta de envio de recursos do governo federal irrisória.
O general Braga Netto revelou durante encontro com a bancada de deputados do Rio, que os recursos são fundamentais para recuperar a capacidade operacional das polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros.
Para o deputado Alessandro Molon, o panorama descrito pelo general reforça a ideia que a decisão de decretar intervenção federal na segurança foi irresponsável. “Tudo leva a crer que foi uma ação improvisada, sem planejamento e meios para tirar a segurança pública da grave situação na qual se encontra. Apesar de todo o empenho que os militares estão demonstrando, faltam meios para que o trabalho seja realizado com sucesso.”