Mesmo sendo considerados crime pela legislação brasileira, racismo e preconceito ainda encontram espaço livre para se disseminarem pela internet. A página do Facebook “Orgulho de Ser Branco” tem causado revolta de internautas, indignados por seu conteúdo eminentemente discriminatório.


“Denunciei porque ela é preconceituosa, argumenta em prol de uma raça original, da pureza. São argumentos que fundamentam discursos como o nazista”, diz a psicóloga Letícia Barreto, 31.
Com mais de 2.800 curtidas, a página busca “aumentar o orgulho de nossa raça (branca), tentar alertar para evitar uma extinção da mesma, promover a real igualdade, aonde (sic) nenhuma raça tem alguma vantagem”.

“A própria ideia de que a humanidade se divide em raças definidas, e é possível identificá-las, é completamente absurda do ponto de vista biológico. Essa é uma concepção do século XIX que não se sustenta mais”, afirma Maurício Santoro, assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional no Brasil.

A página também contém postagens misóginas, agressivas às mulheres.

O promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Mario Higuchi Júnior esclarece que “qualquer tipo de conduta que traga algum traço de discriminação racial pode ser considerado crime”. Na internet, não é diferente. “As pessoas acham que, atrás do teclado, ninguém descobre nada, mas não é assim”, diz Higuchi.

Como o mundo virtual não tem fronteiras físicas, é difícil definir qual órgão é responsável por cada caso. A recomendação do promotor é que a denúncia seja enviada à coordenadoria estadual, que avaliará a situação.