Belo Horizonte entrou na rota das criptomoedas com a inauguração, na quinta-feira (1), de sua primeira exchange (corretora de moedas digitais), a All Coin Wallet. O empreendimento conta com cinco sócios, com idades entre 21 e 40 anos, que investiram R$ 10 milhões no negócio. O dinheiro veio de aplicações em moedas digitais, segundo um dos sócios, Lucas Madaleno, 21. “Somos da área de tecnologia e começamos a investir em bitcoin em 2013”, diz.
Ele conta que a ideia da corretora é dar atendimento, inclusive presencial, para quem quer conhecer melhor o mercado das criptomoedas. “Pensamos muito nisso, investimos no espaço para atender as pessoas. Uma carência que a gente percebeu foi na parte de atendimento aos investidores”, conta. A Wallet, além de atuar como corretora, oferecerá cursos sobre criptomoedas em três módulos: para principiantes, intermediário e para quem já investe. Para utilizar a corretora, porém, não é necessário ir ao escritório. “Para comprar em real é necessário ser brasileiro, ter conta bancária e cadastro no Brasil. Mas negócios de criptomoeda para criptomoeda qualquer pessoa no mundo pode fazer”, explica Madaleno. A Wallet vai operar as criptomoedas bitcoin, ethereum, ripple, bitcoin cash e litecoin.
O investidor Júnior Caputti, 40, diz que a presença da corretora na capital mineira é importante para popularizar as criptomoedas. “É bome para a própria cidade, para a popularização do investimento e para que as pessoas tenham a oportunidade que eu tive”, diz. “As criptomoedas mudaram minha vida. E hoje compro tudo com elas. Comprei meu último carro e meu último imóvel com criptomoedas”, afirma Caputti, que mora em Miami.
Sustentabilidade. Depois de quedas no valor das moedas digitais no início deste ano (um bitcoin chegou a valer menos de US$ 7.000) após a valorização de 2017 (um bitcoin foi cotado a US$ 20 mil), o valor das moedas digitais tem apresentado recuperação nos últimos dias. Na quinta-feira, o bitcoin chegou a US$ 11 mil. “Não é uma bolha, porque a tecnologia por trás das criptomoedas (o blockchain) tem um potencial que ainda nem conhecemos”, avalia Madaleno.
O especialista e organizador do Wake Up Talks, cursos de inovações disruptivas da Trevisan Escola de Negócios, Gustavo Cunha, afirma que ainda é cedo para chegar a alguma conclusão no que se refere a preço, “mas a tecnologia é potente”, acrescenta.
Cunha defende a regulação governamental para criptomoedas. “Quem começou a usar o ouro para trocar mercadoria não foi o governo. Quem inventou o papel-moeda não foi o governo. Os governos aprendem com o mercado e absorvem. Isso pode acontecer com as moedas digitais”, diz Cunha.
Endereço
Centro. A sede da All Coin Wallet fica na rua Tupis, 38, na área central da capital mineira. A corretora ocupa o 13º andar, uma área de 600 metros quadrados, e conta com cerca de 50 funcionários.
Volatividade
2008. Registro do nome bitcoin.org.
2010. A primeira transação online acontece. Uma pizza no valor de US$ 25 foi comprada por 10 mil bitcoins. O valor máximo no ano foi US$ 0,39.
2013. Bitcoin ultrapassa o limite dos US$ 100.
2014. Chega a cair a US$ 40, mas, no decorrer do ano, vai a US$ 600.
2015. Nova queda. Valor máximo foi de US$ 220.
2016. Em janeiro, um bitcoin valia US$ 600 e, em dezembro, US$ 860.
2017. Recorde de valor. O bitcoin bate US$ 20 mil, mas em dezembro chega a US$ 7.000.
2018. Caiu a US$ 6.000 e na quinta-feira bateu US$ 11 mil.