No dia 3 de dezembro, Resiele Gonzaga da Silva, 21, completará um ano no emprego. “Comecei como temporária no Natal do ano passado e foi uma ótima oportunidade para conseguir trabalho”, destaca. Neste ano, a chance dada a ela não vai se repetir muito. De acordo com levantamento da Federação do Comércio (Fecomércio-MG), o índice de não efetivação dos funcionários extras quadruplicou. “Em 2014, entre os que contrataram reforços, 10% afirmaram que a possibilidade de efetivar seria nula. Para este ano, subiu para 41,8%”, afirma o economista da Fecomércio, Guilherme Almeida.
Na loja onde Resiele trabalha, os currículos não param de chegar, mas ninguém foi chamado ainda. “Para o fim deste ano, 68,7% dos empresários entrevistados esperam vendas piores. Na pesquisa feita na mesma época do ano passado, o percentual que apostava em piora era de 23,5%”, destaca Almeida.
De acordo com pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), as contratações temporárias serão 7,7% menores neste ano e 72,6% dos lojistas não pretendem reforçar o pessoal. A economista da CDL, Ana Paula Bastos, explica que a retração da demanda acaba reduzindo as intenções dos lojistas de contratar e, consequentemente, as chances de efetivar os temporários caem. “Estamos com o consumo menor e muitas lojas preferem trabalhar com o quadro atual. Na maioria dos casos, quem vai contratar será, no máximo, dois”, afirma.
Na avaliação de Ana Paula, embora os lojistas estejam economizando nas despesas e até mesmo esperando o 13º salário para ver a reação dos consumidores, é preciso se manter inventivos. “Estamos vivendo uma onda pessimista, agravada pela instabilidade política, e isso gera uma expectativa negativa no consumidor. O desconto é uma boa estratégia, mas tem que ser consciente para não sacrificar a margem de lucro”, afirma.
Desânimo. Os reflexos dessa onda pessimista já tomaram conta até mesmo das vitrines, que exibem decoração tímida, adiando a chegada do clima natalino, que ainda não empolgou os consumidores. No comércio, a expectativa para começar a decorar e traçar estratégias de venda está ligada ao 13º salário, que tem que ter a primeira parcela paga até esta segunda-feira.
Ele será um termômetro e, só depois, os empresários avaliarão o quanto estão dispostos a investir em ações e contratações. “Além da queda na demanda, as lojas tiveram que enfrentar um aumento de custos e fica mais difícil tomar decisões que envolvem gastar mais. E ainda vem o aumento do ICMS por aí”, avalia Almeida.
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