“Na cidade a gente tem mais dinheiro, mas não é feliz. Aqui na roça a gente passa sufoco, mas consegue viver alegre. Eu quero trabalhar na roça até morrer”. É assim que o pequeno agricultor José Mateus de Siqueira, 60, leva a vida em seu sítio em Ravena, no distrito de Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Vendendo o que planta para supermercados e sacolões, e não diretamente para os consumidores, o agricultor se sentia prejudicado na relação mercadológica. Estava ficando difícil manter sua paixão pelo cultivo, e a saída encontrada foi uma parceria com a Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), que busca uma nova relação entre produtor e consumidor.
“A ideia é que os consumidores sejam mais do que apenas receptores, mas façam também parte da produção. Eles passam a ser coprodutores e dividem lucros e prejuízos com o agricultor”, explica Júlio César Bernardes, idealizador da CSA e servidor público.
Cada coprodutor deve contribuir com R$ 100 mensais, e tudo que é colhido é dividido e entregue semanalmente em um ponto fixo da capital. A feira tem uma boa variedade de alimentos, como alface, rabanete, beterraba, rúcula, couve, almeirão, quiabo, cebolinha e salsa. A parceria é pioneira em Minas e, por enquanto, há apenas um grupo e um agricultor participando.
No grupo, são 34 investidores que, desde o mês passado, financiam a produção de José Mateus e, em troca, recebem um alimento orgânico, livre de agrotóxicos e por um preço mais acessível do que o das prateleiras dos mercados e sacolões. Os dois são beneficiados: o produtor, com um financiamento mensal, e o consumidor, que recebe hortaliças frescas e mais saudáveis.
O começo. Júlio Bernardes conta que a ideia de formar a CSA surgiu em novembro de 2014 e que, em pouco menos de dois meses, eles já tinham conseguido 34 interessados. A ideia é também promover uma espécie de “desgourmetização” dos produtos orgânicos.
“É só um produto que está fresco e saiu diretamente da horta, não tem nada demais para que seja tão caro em supermercados. Nós queremos mostrar isso”, considera Bernardes. Atualmente, o agricultor Mateus de Siqueira dedica 5.000 metros quadrados da área de seu sítio para a plantação do que vai para CSA. Nada é perdido, tudo que é colhido vai para a mesa do investidor.
“O único risco que o investidor assume é o de ter alguma alteração climática inesperada e os produtos da horta se perderem. Mesmo a horta não progredindo, o consumidor tem que manter o pagamento mensal. Isso faz com que o pequeno agricultor não seja prejudicado. Esse prejuízo que o consumidor pode ter é muito pequeno em relação às vantagens que ele tem enquanto recebe o que é colhido. Vale muito a pena”, ressalta o idealizador da comunidade.
Quem quiser participar deve enviar e-mail para csabhcomunica@gmail.com para pegar mais informações com o grupo e fazer um depósito caução com as três primeiras mensalidades. Os produtos devem ser retirados sempre nas manhãs de sábado, no ponto de encontro da CSA-BH no restaurante vegetariano Salada Saudável, no 3º andar do Mercado Novo, próximo à praça Raul Soares, no centro de Belo Horizonte.
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Da horta direto para a mesa
Iniciativa em Ravena elimina intermediário entre produtor e consumidor
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