Inflação alta, renda menor e desemprego significam aumento da inadimplência. Se não está fácil para quem deve, a situação também não é das melhores para quem precisa receber. Seguindo a máxima do “antes pouco do que nada”, muitas redes de varejo e bancos estão apostando em políticas de renegociação das dívidas, e os esforços têm dado resultado. Segundo o balanço do Banco Central, de janeiro a agosto, enquanto o total de concessões de crédito subiu 3,2%, o montante das renegociações cresceu 30,7%. Ou seja, os empréstimos gerados nas revisões de dívidas cresceram em um ritmo dez vezes maior.
Com algumas dívidas pendentes, o auxiliar de instalação de fibra ótica Junio Augusto Mayer começou a bater nas portas dos credores, na expectativa de alcançar bons descontos. E está conseguindo. “Eu tinha uma dívida de cerca de R$ 700 na Elmo Calçados. Fui lá, conversei e consegui baixar para três parcelas de R$ 59,60”, afirma Mayer.
“Quando a inadimplência é crescente, a disposição dos credores em renegociar aumenta, pois eles estão lidando com um problema que antes não tinham e, portanto, querem buscar uma solução”, avalia o economista da Serasa Experian Luiz Rabi.
De acordo com a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) Ana Paula Bastos, mesmo com o cenário econômico adverso, a vontade de pagar as dívidas existe. “Ninguém deve porque quer. As pessoas têm vontade de limpar o nome, pois ninguém quer ficar fora do mercado consumidor”, afirma.
Essa vontade de pagar as dívidas é evidenciada na ferramenta Limpa Nome, disponibilizada no site serasaconsumidor.com.br. O número de pessoas que acessaram buscando informações sobre como renegociar dívidas subiu 59,1% neste ano. De janeiro a setembro, foram 11,3 milhões de acessos. Desse total, 1 milhão são mineiros, que respondem por 8,86% das consultas sobre renegociação.
Via internet. O desejo dos credores de receber também é nítido. Há um ano, o Banco do Brasil lançou o Portal de Negociação de Dívidas, para facilitar a vida do cliente que quer pagar os débitos, mas não tem todo o dinheiro na mão. Segundo a assessoria de imprensa do banco, o portal chegou à marca de R$ 1,45 bilhão em contratos de negociação de dívidas via internet. Foram mais de 144 mil clientes que conseguiram descontos ou, pelo menos, aumento de prazo. Por dia, a ferramenta registra em média 584 operações de regularização, com um saldo de repactuação de aproximadamente R$ 6,7 milhões.
Feirão
Oportunidade. Todo ano, a Serasa reúne vários credores dispostos a facilitar as condições de pagamento, com descontos de até 95%. A próxima edição do Feirão Limpa Nome será em novembro.