Em meio ao encontro de líderes e chefes de Estado que acontece nesta semana durante a 72ª Assembleia Geral da ONU em Nova York, 42 países assinaram ontem o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares. A iniciativa, proposta pelo Brasil, juntamente com África do Sul, Áustria, Irlanda, México e Nigéria, impede que os Estados-membros desenvolvam, testem, produzam, adquiram, tenham ou estoquem armas nucleares ou qualquer outro dispositivo nuclear explosivo. Para entrar em vigor, o documento precisa ser ratificado por, pelo menos, 50 países.
Esse é o primeiro texto relacionado ao tema (desarmamento nuclear) assinado. Apesar dos esforços dos líderes da iniciativa, o tratado vem sendo criticado sobre sua real eficácia, uma vez que grandes potências detentoras arsenais nucleares, incluindo os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França – estão ausentes.
Há cerca de dois meses, após a conclusão do texto final, Estados Unidos, Reino Unido e França emitiram um comunicado conjunto em que diziam “não ter intenção de assinar, ratificar ou jamais se tornar uma parte” do acordo.
Em cerimônia para marcar a abertura do documento a compromissos de cada nação, o secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, destacou que existem 15 mil armas nucleares espalhadas pelo mundo.
“O Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares é o produto de uma crescente preocupação sobre o risco colocado pela existência continuada de armas nucleares, incluindo as catastróficas consequências humanitárias e ambientais por seu uso”, afirmou. “Não podemos permitir que essas armas apocalípticas coloquem em perigo o futuro do nosso mundo e de nossas crianças”.
O presidente Michel Temer foi o primeiro a assinar o texto, que deverá continuar a receber signatários nos próximos dias. Em seu pronunciamento, anteontem, Temer avaliou o tratado como uma “conquista”.
Irã é firme com os EUA
O presidente do Irã, Hassan Rohani, advertiu, ante a Assembleia Geral da ONU, que seu país reagirá com determinação a qualquer violação do acordo nuclear assinado com vários países em 2015, em um novo capítulo da escalada de tensões com os Estados Unidos.
O dirigente destacou que o acordo pertence à comunidade internacional, e não a um ou dois países, e que se, os EUA decidirem violá-la, acabarão “destruindo sua credibilidade”.
Esse entendimento, acrescentou, foi apoiado pela comunidade internacional e pelo Conselho de Segurança da ONU, mediante a resolução 2231.