Em entrevista à rádio Super Notícia FM, o deputado estadual Iran Barbosa (MDB) apresentou uma proposta para evitar a venda de parte da Codemig. O emedebista criticou ainda decisões do próprio partido e afirmou que a legenda vive uma “ditadura”.
Em relação ao projeto aprovado pela Assembleia que abre o capital da Codemig, o senhor foi o único deputado que votou contra a proposta. Qual sua avaliação?
Na segunda-feira, vou apresentar uma proposta ao governo de Minas que sugere uma alternativa à venda dessas ações e que pode ser importantíssimo para a gente não perder a Codemig, que é nossa galinha dos ovos de ouro. A Codemig, hoje, recebe R$ 600 milhões por ano dos royalties sobre a extração de nióbio no Estado. Minha proposta é que o governo pegue os R$ 6 bilhões que precisa para manter em dia a folha de pagamento sem necessariamente vender a Codemig. O BNDES tem linha (de crédito) nesse valor para fazer um empréstimo com a retenção dos 49% que podem ser recomprados pelo governo.
O governo está passando por dificuldades financeiras. Fazer uma operação de crédito não seria uma divida a mais?
O BNDES empresta o dinheiro. Se você está precisando de R$ 6 milhões, você pega essa quantia e pode recompra-lá sem pagar juros. O BNDES vai ser dono de 49% da empresa, logo, o lucro da Codemig durante os anos em que esse dinheiro estiver retido no BNDES vai para o banco. A diferença essencial é que o governo poderá recomprar essas ações no momento que quiser. O nióbio é pouco comentado em Minas pelo tamanho de sua importância estratégica mundial: 90% de todo nióbio do mundo é extraído em Minas. Para se ter uma ideia, com 10% do nióbio que é extraído pelo Canadá, eles pagam todo o sistema educacional do país.
O MDB vive momentos decisivos: uma ala está ligada ao governador Fernando Pimentel (PT), que vai tentar se reeleger, e outra defende candidatura própria. De qual o lado o senhor está?
Uma ala ligada ao (vice-governador) Antônio Andrade pediu a expulsão do deputado Sávio Souza Cruz, e eu deixei bem claro que, antes de expulsa-ló, eu deveria ser (expulso). Ele ajudou na campanha do Rodrigo Pacheco, ele apoiou o Hélio Costa para governador, e eu não. Por que o governo federal brigou com o PT ele tem que mudar o alinhamento no nível estadual? Dentro do MDB eu estou do lado do Adalclever Lopes (presidente da Assembleia). Até então você podia ter seu posicionamento sem ser perseguido, eu sou contra vários posicionamentos do Michele Temer, eu já fui gritar “Fora, Temer”. Isso significa que tenho que ser expulso?
É um ditadura?
Está virando, mais pelo desespero do ano eleitoral. É inegável que temos dois grandes nomes no MDB hoje, o vice governador e o presidente da Assembleia, mas querer resolver isso na marra?
O senhor cogita deixar o partido?
Acho que sim, o partido, além de outras coisas, precisa ser onde você se sinta bem com as pessoas. O MDB não tem sido modelo nacional de ética. Se tiver que ficar lá para rezar a cartilha do Temer... não, obrigado.