SÃO PAULO. O empresário Joesley Batista, da JBS, teria tido uma dívida quitada com dinheiro de propina do ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine. Foi isso o que afirmou o marqueteiro André Gustavo Vieira, acusado de intermediar o pagamento de R$ 3 milhões da Odebrecht para Bendine.
Segundo o publicitário, parte dos valores pagos pela empreiteira foi usada para pagar uma dívida com Joesley. No seu depoimento, Vieira disse que dividiu os R$ 3 milhões de propina em três partes iguais. Dessa divisão, R$ 1 milhão teria sido usado para quitar uma dívida que ele tinha com um amigo. Questionado pela defesa de Bendine sobre quem seria esse amigo, André Gustavo foi mais direto: “Joesley Mendonça Batista. Isso consta do Imposto de Renda dele e no meu Imposto de Renda”, disse. “Eu paguei porque devia a ele, o que não significa dizer que Joesley soubesse que o dinheiro que eu estava pagando a ele era fruto disso (propina). Para o Joesley, era dinheiro meu”.
Conforme o marqueteiro, os pagamentos foram feitos a Joesley e a uma pessoa indicada pelo empresário, de nome Demilton. André Gustavo contou que não levou todo o valor de uma vez só: “Isso era entregue a um portador da JBS. Eu não cheguei lá e entreguei R$ 1 milhão a ele. Levei 200 (mil), depois levei mais 150, mais 300”.
Nessa quarta-feira (22), o juiz Sergio Moro mandou isolar Bendine de André Gustavo, por motivo de segurança – ambos estão no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A decisão veio horas depois de André Gustavo confessar seus crimes, admitir o desejo de delatar e incriminar Bendine em interrogatório. Moro impôs a transferência de Bendine para o dia 27 e determinou que ambos fiquem separados enquanto estiverem no mesmo presídio.
Defesa pede cancelamento de oitiva na CPI
A defesa de Joesley Batista protocolou um pedido para que a CPI da JBS cancele o depoimento do empresário, marcado para o dia 29. No requerimento, os advogados indicam que Joesley usará o direito ao silêncio e, portanto, não responderá aos parlamentares.
A defesa alega que manter a oitiva “poderá acarretar elevados e desnecessários gastos públicos”, pelo fato de Joesley estar preso em São Paulo e ter de ser transferido a Brasília. Os advogados lembram que, se mantida a oitiva, Joesley será o quarto da J&F a ficar em silêncio na CPI.