O aeroporto, que operava sem homologação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), tinha uso privado. As chaves do local ficavam em poder dos familiares de Aécio, que precisavam ser consultados para liberar a utilização da pista.
Nos anos 1980, quando Múcio era prefeito de Cláudio e Tancredo o governador de Minas, uma pista de terra foi erguida no mesmo local. O terreno, que deveria ter sido repassado para a prefeitura de Cláudio, nunca saiu do nome do tio-avô do presidenciável.
Anos depois, o governo de Aécio abriu licitação e desapropriou o terreno para então construir o aeroporto. Ao escolher uma propriedade do tio para fazer a obra, o governo de Minas abriu caminho para que Múcio, 88, resolva uma pendência judicial que se arrasta há mais de uma década. Ele é réu numa ação do Ministério Público Estadual que tenta recuperar o dinheiro gasto pelo Estado na construção da pista de terra.Para garantir o ressarcimento dos cofres públicos em caso de condenação, a Justiça mandou bloquear a área em 2001, o que impede Múcio de vendê-la. Com a desapropriação, Múcio ganhou o direito de receber do Estado pelo menos R$ 1 milhão de indenização, mas ele pede valor nove vezes maior.
Aécio nega que a obra tenha beneficiado seus familiares e afirma que o aeródromo contribuiu para o desenvolvimento de Cláudio, cidade de 30 mil habitantes. O tucano também alegou que a construção do aeroporto já foi alvo de investigação pelo Ministério Público Estadual, que não encontrou nenhuma irregularidade. Essa apuração, contudo, não levou em conta que a obra foi feita numa área desapropriada pelo Estado na terra de um parente do então governador.
Em julho de 2014, logo após a publicação da reportagem pela "Folha de S.Paulo" sobre o aeroporto de Cláudio, a Promotoria estadual decidiu apurar novamente a construção do aeroporto de Cláudio. Foi essa investigação agora arquivada, em agosto de 2015.
Pouco antes, no dia 8 de outubro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, arquivou a parte criminal de uma representação do PT contra Aécio pela construção do aeroporto, mas ele determinou que a representação fosse encaminhada ao MPF de Minas Gerais para a avaliação de casos de improbidade administrativa.
A investigação foi aberta na Procuradoria da República de Divinópolis (a 50 km de Cláudio) para "apurar possível irregularidades na utilização de recursos públicos pelo então governador de Minas, Aécio Neves da Cunha, para a construção de um aeródromo em propriedade de seu tio-avô, sr. Múcio Guimarães Tolentino".
Atualizada às 18h39