Na avaliação do cientista político da Unesp e da PUC SP Antônio Carlos Mazzeo, as “frustrações” em relação ao PT têm ligação direta com a mudança de postura do partido. Se quando o PT surgiu, em 1980, alguns núcleos defendiam a política socialista, atualmente, o foco é a social-democracia. “Quem ficou no PT hoje não é contra o capitalismo. O Lula mesmo já disse que não é socialista, e sim sindicalista. A ala mais radical acabou perdendo espaço”, afirma.
O professor também cita a expectativa da população de obter outros avanços sociais e políticos, e não apenas os que foram implementados. “Uma política de habitação, a reforma política. O que a população queria era mais originalidade do partido”, pontua Mazzeo.
Para o professor da Universidade de Ouro Preto (Ufop) Antônio Jackson, no entanto, o problema é muito maior do que o PT. “Não é uma questão de falar em erro do PT. O problema maior é a sociedade não ter criado instituições sólidas que combatam a corrupção. A corrupção é um problema universal e não é culpa apenas do PT”, ressalta o especialista, que finaliza dizendo que a sigla acabou “engolida” pelo sistema político brasileiro.