Até então cotado para ser candidato a vice-governador de Minas ao lado do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, o empresário Josué Gomes pode agora ser o substituto de Pimentel na pasta. Mesmo que de forma embrionária, os petistas, incluindo os mineiros, já tratam a mudança como uma forte possibilidade.
A ida do filho do ex-vice-presidente da República José Alencar para o cargo é parte, segundo lideranças do PT, da estratégia da presidente Dilma Rousseff de fortalecer a coligação para a sua reeleição. Ela deve usar a reforma ministerial – necessária para substituir nomes que vão se candidatar em 2014 – para dar mais poder ao PMDB, seu principal aliado.
A estratégia interfere diretamente nos planos de PT e PMDB para a disputa pelo governo de Minas. Os petistas apostavam no empresário – que se filiou recentemente ao PMDB – como nome unificador para compor a chapa de Pimentel como vice. Sem ele, a aposta recai sobre outras lideranças.
Segundo um deputado do PT, a indicação de Josué para o ministério já é “uma ação concreta de Dilma”. “Substituir o Pimentel pelo Josué é interessante porque ele é do PMDB e também é mineiro”, explica. Sobre a disputa pelo governo de Minas, esse mesmo petista argumenta que isso facilita a aliança com os peemedebistas no Estado. “Temos uma vaga de vice e três nomes disputando, o que poderia causar dificuldade maior para acomodar todo mundo. Com um a menos, fica mais fácil acomodar os aliados na chapa”, afirmou, se referindo ao ministro da Agricultura, Antônio Andrade, e ao senador Clésio Andrade.
A saída de Antônio Andrade do ministério para disputar um cargo em 2014 já é dada como certa pelo PMDB. Ontem, o presidente do partido em Minas, deputado Saraiva Felipe, disse desconhecer a negociação envolvendo Josué, mas garantiu que a decisão do partido se mantém. “O PMDB tem compromisso em fazer uma aliança nacional com o PT, mas não em Minas. Isso não vai interferir no nosso caminho de ter uma candidatura própria ao governo estadual”, explica. “É bom ter um nome mineiro em um ministério? É ótimo. Mas como Antonio Andrade deve sair do governo para ser candidato, seria só uma substituição”, completou.
Nos bastidores, dar outro ministério ao PMDB de Minas seria uma forma de pressionar o partido a compor uma aliança com os petistas no Estado, o que tem gerado resistência na legenda.
Costuras difíceis
O ex-presidente Lula deve enquadrar as executivas de pelo menos cinco Estados:
Espírito Santo:
o novo presidente da sigla defende a reeleição de Renato Casagrande (PSB). Lula quer apoio ao PMDB.
Santa Catarina: o novo presidente do PT defende candidatura própria. O PT nacional quer a reeleição de Raimundo Colombo (PSD).
Pará: Lula pede apoio à candidatura de Helder Barbalho (PMDB), mas não há consenso no Estado.
Pernambuco: Lula quer apoio ao senador Armando Monteiro (PTB-PE), mas há a defesa de nome próprio.
Maranhão: Parte defende a aliança com o PMDB, como Lula deseja; outros querem apoiar Flávio Dino (PCdoB).
Com moral
Atuação. Josué Gomes é presidente da Coteminas e integra a diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Sua recente filiação ao PMDB foi liderada pelo ex-presidente Lula.