Relator das ações decorrentes da operação Lava Jato - um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil pós-redemocratização -, ele costumava aparecer na mídia apenas no momento de tomar uma decisão sobre o caso. "Ele encarava o papel de juiz com muita seriedade. Acreditava que é essa a postura que se tem que ter", explica o filho Francisco Zavascki, que é advogado.
A postura discreta contrastava com a de outro relator que ganhou projeção nacional e chegou a ser cotado para disputar a Presidência da República: o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, responsável pelas ações do mensalão. Barbosa ficou conhecido por sua atuação enérgica e discurso enfático, chegando a se envolver em bate-bocas com os colegas e a dar declarações polêmicas na imprensa.
didático. Como raramente dava declarações à imprensa, o ministro acabou desenvolvendo o hábito de publicar decisões detalhadas, como forma de tentar evitar erros de interpretação. "Às vezes, nem é noticiado o que realmente aconteceu, então ele procurava ser cada vez mais didático", conta Francisco Zavascki. Outra característica do ministro era a aplicação técnica do que diz a lei. "Não importa a pressão, se ele estivesse convencido sobre o que diz a lei, tomava a decisão pela lei, mesmo correndo o risco de ter uma repercussão negativa", avaliou o filho.
Foi o que aconteceu quando Zavascki mandou soltar todos os presos da Lava Jato e pediu que parte do processo fosse remetida para o STF. Tecnicamente, a decisão estava certa, uma vez que o processo, por envolver parlamentares, deveria ter sido enviado diretamente ao Supremo, o que anulava as ações do juiz federal Sérgio Moro. Porém, o juiz enviou ofício a Zavascki alertando sobre o risco de fuga de alguns suspeitos, o que fez o ministro limitar a soltura a Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras.
Tortura. Em um caso não-político de repercussão nacional, Zavascki negou um habeas corpus a um dos policiais acusados de torturar e matar o pedreiro Amarildo, no Rio de Janeiro.
Opiniões
"Ele é uma pessoa que ouve muito a opinião dos outros antes de tomar uma decisão. A equipe é muito importante para ele."
Regaldo Milbradt técnico judiciário que trabalhou com Zavascki no TRF-4
"Ele é uma pessoa que ouve muito a opinião dos outros antes de tomar uma decisão. A equipe é muito importante para ele."
Regaldo Milbradt / técnico judiciário que trabalhou com Zavascki no TRF-4
"É um ministro de excelente nível técnico e um processualista de mão-cheia. Ele é discreto, culto, muito conciliador e dinâmico, e imprime um ritmo muito produtivo ao trabalho."
Marga Tessler
desembargadora do TRF-4
"Ele encara o papel de juiz com muita seriedade. Se estiver convencido de que a aplicação correta da lei é aquela, vai tomar a decisão, mesmo se for impopular."
Francisco Zavascki, 35
advogado e filho do ministro