A Justiça de Minas Gerais determinou a suspensão por 60 dias do andamento do processo conhecido como mensalão mineiro no Tribunal de Justiça do Estado. A decisão foi a pedido da defesa do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, réu na ação.
A justificativa foi que, para que o processo continuasse, seria necessário esperar decisão sobre pedido de delação premiada feito por Valério ao Ministério Público de Minas no processo sobre esquema de financiamento ilegal da campanha à reeleição do ex-governador tucano Eduardo Azeredo em 1998. Por envolver políticos com foro privilegiado, o pedido de delação precisa ser aceito também pela Procuradoria Geral da República, o que não tem data para ocorrer.
A suspensão ocorreu no dia 1.º de julho. Azeredo já foi condenado a 20 anos de prisão no mensalão mineiro em ação que tramitou separadamente. Valério cumpre pena no mensalão federal.
O promotor que cuida do caso disse que a suspensão do processo não irá atrapalhar o processo.
"Essa decisão não tem importância nenhuma", disse João Medeiros, que é promotor de Defesa do Patrimônio Público.
O caso tramita na Justiça desde 2007, sendo que os crimes teriam acontecido em 1998. Como a prescrição para os crimes caem pela metade após o réu completar 70 anos, dois dos envolvidos no processo, Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha de Azeredo, e o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, já se livraram do processo após atingirem essa idade.
Azeredo completará 70 anos em setembro de 2018. Também está envolvido no processo o ex-senador Clésio Andrade (PSDB), que foi vice-governador no governo Aécio Neves (2003-2006).
Indagado sobre se a delação de Marcos Valério pode mudar o caso, o promotor Medeiros afirmou que não pode afirmar ainda o impacto que terá no caso.