A desistência de José Serra de disputar a Presidência da República em 2014 foi muito elogiada nessa terça pelos líderes do partido, que chamaram a atitude do ex-governador de “nobre”, apesar de o tucano paulista não ter comparecido ao principal evento político de pré-campanha neste ano. Serra decidiu deixar o caminho livre para o senador mineiro Aécio Neves coincidentemente no mesmo dia em que o PPS, aliado tucano, declarou apoio ao presidenciável do PSB e governador pernambucano, Eduardo Campos.
Após a reunião da executiva nacional do PSDB ontem em Brasília, deputados e senadores respiravam aliviados pela primeira vez após as ameaças de racha na legenda. “A antecipação (de Serra) sinaliza o que todos nós já sabíamos, que ele vai apoiar e se envolver na campanha de Aécio. Foi um gesto nobre. Tira o discurso daqueles que apostavam na discórdia”, afirmou o líder tucano na Câmara, Carlos Sampaio.
O ex-presidente da legenda Sérgio Guerra (PE) também parabenizou Serra pelo recuo. “É natural que ele desejasse (ser candidato). Ele já foi candidato duas vezes, mas, dessa vez, não era o caso. Achei excelente a declaração, foi sóbria, firme, transparente. Desmente a ideia de que o PSDB está dividido”, disse.
O senador mineiro Aécio Neves disse ontem, após o lançamento da cartilha programática tucana, que, “ao contrário do que pensa a imprensa, o partido está unido”. “É um gesto que chamaria de desprendimento do governador, que não me surpreende. Nossa unidade é real. Para dissabor e desalento dos adversários, o PSDB vai estar unido nas próximas eleições”.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também comentou “a desistência” de Serra. “Acho que a atitude do Serra foi de desprendimento. É uma atitude importante para unir o partido”, disse Alckmin, que não participou do evento de Aécio em Brasília.
“À medida que o Serra não é o candidato, o Aécio já é o candidato”, completou.
Inesperado. Apesar das “certezas” sobre a desistência, a decisão de Serra, publicada em sua página no Facebook, surpreendeu até mesmo a direção do partido.
Segundo uma fonte da legenda, quando a postagem foi publicada na internet, imaginou-se que poderia se tratar da ação de um hacker. Um técnico da área de informática do PSDB chegou a verificar se a mensagem era apenas uma brincadeira. Mas não era.
Bancada peemedebista rechaça flerte com PSDB
Os deputados estaduais mineiros do PMDB divulgaram nota à imprensa ontem rechaçando qualquer tipo de aproximação do partido com uma candidatura tucana ao governo de Minas.
Informações de bastidores dão conta de que o senador Clésio Andrade (PMDB) estaria negociando apoio aos tucanos, com aval do presidente da legenda no Estado, deputado federal Saraiva Felipe.
“A bancada que formamos na ALMG pauta sua conduta política pelo alinhamento com o projeto conduzido pela presidente Dilma e pelo vice-presidente Michel Temer. N tocante ao Governo do Estado, nossa posição é de termos estratégia comum com o PT, podendo significar uma candidatura de cada partido ou a coligação desde o primeiro turno”, diz a nota. (Da redação)