Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais não apresenta toda essa força quando se trata de receber as emendas indicadas pela bancada no Congresso. O Estado solicitou R$ 857,9 milhões neste ano e recebeu R$ 122,5 milhões, metade do que recebeu São Paulo, que é o primeiro colégio eleitoral do país. O Estado vizinho teve cerca de R$ 240 milhões liberados até hoje. O valor corresponde a 23% dos R$ 1,03 bilhão pleiteados pela bancada paulista. Por outro lado, a bancada federal do Rio de Janeiro, terceiro Estado em número de eleitores, indicou R$ 912 milhões em emendas e obteve o pagamento de R$ 211 milhões (23% do montante pedido).
Os deputados mineiros tentam explicar a falta de prestígio do Estado, que não recebeu nem o mesmo percentual de emendas do vizinho. Para alguns, os parlamentares do Rio de Janeiro e de São Paulo costumam aparecer mais na mídia, o que os colocaria em outro patamar de negociação com o governo.
Já o deputado federal Fabinho Ramalho (PMDB-MG), que é coordenador da bancada mineira, prefere enaltecer a possibilidade de o Estado conseguir mais recursos que paulistas e cariocas até o fim do ano.
“Acertamos um repasse extra, agora no fim de ano, de R$ 300 milhões para o Estado. Serão R$ 50 milhões para a segurança e R$ 250 milhões para a saúde. Só com essa verba adicional já iremos superar e muito as outras bancadas”, argumentou o peemedebista, que se reuniu com o presidente Michel Temer (PMDB) na última quarta-feira em busca desse repasse. Como os valores ainda não foram efetivamente repassados, ainda não foram registrados no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), onde o levantamento foi feito.
Aliados. O governo optou por privilegiar e liberar mais emendas para os deputados que votaram conforme sua orientação. Quando se analisa a lista dos dez parlamentares que mais tiveram emendas liberadas, percebe-se que oito votaram pela reforma trabalhista em maio, e todos foram favoráveis ao relatório que impedia o prosseguimento da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer.
Dos dez mineiros que mais tiveram verbas de emendas liberadas, apenas Ademir Camilo (PTN) e Dâmina Pereira (PMN) haviam votado contra a aprovação da reforma trabalhista, em abril. No entanto, votaram contra o prosseguimento da denúncia da PGR.
Correligionários. Entre maio e julho, o PMDB aparece como o partido que mais recebeu as emendas empenhadas pelo governo federal. Os deputados peemedebistas receberam R$ 284,3 milhões.
Pedidos. Décimo deputado mineiro que mais conseguiu liberação de suas emendas, o tucano Domingos Sávio (PSDB-MG) elogia o sistema de repasses do governo federal para as indicações dos parlamentares.
Democracia. “É um tipo de orçamento participativo, algo muito positivo. Temos um acesso democrático, que os parlamentares, independentemente de partido ou coligação, podem fazer essas solicitações. A liberação ocorre assim também”, avalia o tucano.
Sete não receberam nada
Sete deputados federais mineiros não tiveram sequer um centavo de suas emendas ao Orçamento liberadas pelo governo federal. Os casos são curiosos, visto que há membros da base do governo, como Jaime Martins (PSD), Odelmo Leão (PP) e Renzo Braz (PP), na lista dos não agraciados pelo presidente Michel Temer (PMDB).
Quem também compõe a lista de esquecidos são os ex-ministros de Dilma Rousseff (PT) George Hilton (PRB), que ocupou a pasta do Esporte, e Mauro Lopes (PMDB), que foi ministro da Aviação Civil por dois meses. O ex-petista Weliton Prado (PMB) e Laudivio Carvalho (SD), que está rompido com o governo há alguns meses, também não conseguiram investimentos em suas indicações.
“Infelizmente, a relação com o Planalto mudou após me posicionar a favor do prosseguimento das investigações contra o presidente Michel Temer. Além de ter uma quantidade de emendas cortadas, a relação com os ministros também se tornou distante”, conta Carvalho.