Enquanto as ações de educação no trânsito não receberam nenhum centavo nos primeiros seis meses do ano, duas rubricas que geram arrecadação de receitas estão na lista das três que já receberam mais de 50% do previsto no orçamento. São elas a emissão de documentos, controle e registros de infrações no trânsito e o recolhimento e guarda de veículos. Especialistas criticam a diferença entre execuções e afirmam que é preciso equilibrar as ações de repressão e de educação para reduzir o número de mortes em acidentes no trânsito. A outra ação da lista é a operação de segurança viária, que recebeu 66,2%.
Dos R$ 70 milhões previstos para a emissão de documentos e multas, R$ 41 milhões já foram repassados. Já os R$ 2,5 milhões da educação em trânsito continuam nos cofres públicos. “É claro que é importante a repressão a infrações, mas ela sozinha não resolve a violência no trânsito. É preciso começar a intensificar a educação, já na escola, com as crianças. Não adianta uma ação de fim de semana”, afirma o professor de engenharia de transportes da UFMG Nilson Tadeu Júnior.
Engenharia. Outro item relacionado ao tráfego que recebeu recursos abaixo do esperado foi o policiamento ostensivo de trânsito (8%). Por outro lado, a política pública que mais recebeu aporte foram as operações para adequar as vias à segurança viária, com mais de 66%.
O consultor de tráfego Osias Batista destaca que não é só com engenharia que se reduz o número de mortes no trânsito. “Há lobby para fazer rodovias, mas você não vê ninguém defendendo a educação no trânsito. É preciso haver uma fiscalização intensa, mas aliada a campanhas educacionais robustas. Infelizmente, isso não é prioridade no Brasil, por mais que os gestores tentem dizer o contrário”, afirma o consultor.