Aos 41 anos, a auxiliar de departamento pessoal Patricia Santos, moradora de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, está esperando o terceiro filho junto com o marido, Flávio Martins, de 43. Depois de Ana Flávia, de 20, e João Pedro, de 14, todos planejados, agora a auxiliar de departamento pessoal está grávida de oito meses de Matheus Henrique. “Não fui eu que escolhi, a gravidez que me escolheu. No início nós nos assustamos muito, mas depois das primeiras 12 semanas, que vimos que estava tudo bem com o neném, que a gravidez estava evoluindo de uma forma boa e tranquila, tivemos um alívio”, contou Patricia.
Assim como Patricia, muitas mulheres vivenciam o medo diante de uma gravidez chamada de “tardia”: medo de que o bebê tenha alguma má-formação, que ocorra um aborto espontâneo, entre outros mitos e riscos reais associados à idade da mãe. Mas, quando há acompanhamento e boa saúde do bebê e da gestante, o que predomina são os pontos positivos de poder gerar uma vida após os 40 anos.
“A maturidade com certeza é o principal benefício. Você consegue entender o processo mais fácil, não tem tanto medo de uma dor ou outra. Sabe que vai dar conta, porque já passou por muitas coisas, além de lidar melhor com a educação e criação do filho”, avalia Patricia.
Por outro lado, a idade passa a ser um peso ao olhar para o crescimento do filho que está para chegar. “A gente não tem mais a disposição de 20 anos atrás. Não vai conseguir fazer as atividades de casa sem se cansar e acompanhar o ritmo de uma criança, que tem muita energia e que em poucos anos se tornará um adolescente bastante ativo também”, diz.
A psicóloga Renata Koldewijn compartilha de outra preocupação em relação a ter tido uma filha aos 45 anos. “Confesso que passou pela minha cabeça (não estar presente durante a juventude da filha) algumas vezes. Mas nessa hora penso que ninguém sabe quanto tempo vai viver, e as expectativas de vida estão aumentando. Eu prefiro priorizar a qualidade do presente com ela”, comentou.
Psicóloga perinatal e obstetra do Instituto Suassuna, Karla Cerávolo ressalta a importância de a gestação ser acompanhada de um pré-natal psicológico, especialmente depois dos 40. “Cada mulher tem sua história em relação à maturidade e até mesmo traumas de tentativas de gestações anteriores. Isso pode gerar um peso para a criança. Por isso é extremamente importante ter esse cuidado em relação à saúde mental. Cuidar da mãe em todos os aspectos para uma gravidez saudável”, explicou.
Karla Cerávolo, especialista em psicologia perinatal, também alerta sobre a importância de o parceiro ou parceira da mãe estar presente no pré-natal psicológico. “Quanto mais saudável essa pessoa estiver, mais ela será um alicerce para a mãe”.