INVESTIGAÇÃO

Vice-governador de MG indica desvio de verbas nas obras da Cidade Administrativa e cobra punição

Professor Mateus Simões disse que um acordo teria sido feito para a devolução de R$ 100 milhões para os cofres públicos

Por Raquel Penaforte e Rayllan Oliveira
Publicado em 10 de maio de 2024 | 09:28
 
 
 
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Em meio aos problemas técnicos em 54 elevadores dos prédios Minas e Gerais, da Cidade Administrativa, e a interdição dos trabalhos de parte dos servidores nos andares superiores, o Governo de Minas sustenta a tese de superfaturamento das obras e de desvio de verbas de gestões anteriores.

"Estamos indignados. Foi por desvio de dinheiro. Falta de cuidado dos gestores públicos do passado. Problemas impossíveis de serem detectados”, disse o vice-governador Mateus Simões em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (10).

De acordo com Simões, uma delação foi feita há dois anos indicando o superfaturamento e o desvio de recursos. Em seguida, foi acordado a devolução de cerca de R$ 100 milhões aos cofres públicos. O processo, segundo ele, está com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). 

O vice-governador pede por celeridade e cobra por punições aos envolvidos. “Queremos saber onde estavam esses servidores que deixaram essa obra ser aprovada”, disse Simões, sem citar quem seriam os investigados sob a justificativa de que a investigação ocorre em sigilo.

MPMG

Procurado pela reportagem de O TEMPO, o MPMG informou que atuou em colaboração nas ações civis e criminais referentes ao tema. 

"Na esfera cível, o MPMG atuou como interveniente em três acordos de leniência, referentes ao tema. Nenhum dos acordos foi objeto de aditivo. Ainda na seara cível, tramita na 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual, Ação Civil Pública de responsabilidade pela prática de ato de improbidade administrativa em face das pessoas físicas e jurídicas envolvidas que não firmaram acordo. Na esfera criminal, o MP ofereceu denúncia em 2020, mas a investigação foi anulada por decisão do STF, atendendo pedido da defesa de incompetência da Justiça Estadual e competência da Justiça Eleitoral", esclareceu, ressaltando que "não há, neste momento, procedimento no MPMG sobre a questão".

Mudanças

Na manhã desta sexta-feira (10), o vice-governador afirmou que o problema técnico dos elevadores da Cidade Administrativa de Minas Gerais não tem previsão para ser solucionado. Parte dos servidores irão trabalhar em home office por tempo indeterminado, e o layout dos prédios será reconfigurado para que os primeiros andares possam ser ocupados em atendimento ao público.

O expediente presencial para os servidores que atuam nos prédios Minas e Gerais da Cidade Administrativa foi suspenso a partir desta sexta. Uma perícia na estrutura foi realizada nesta quinta-feira (9). O laudo apontou que os pilares metálicos dos contrapesos dos elevadores não foram chumbados conforme o projeto, resultando em um espaço vazio entre a viga de concreto armado e as chapas de fixação dos pilares, provocando um efeito "pino".

"Quase 8 mil pessoas trabalham na Cidade Administrativa todos os dias. Agora, quase 7 mil servidores irão ficar em casa por causa disso. Quem deveria ter se preocupado com isso, lá no passado, não se preocupou", desabafou.

Falhas nos elevadores

As falhas nos elevadores do Prédio Minas foram detectadas em novembro de 2023, durante a rotina de manutenção. Como medida de segurança, todos os elevadores sociais do prédio foram interditados, e os privativos foram disponibilizados para uso comum.

Para identificar a causa dos problemas, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Seplag-MG) contratou uma empresa especializada para realizar uma perícia técnica.

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