A dois meses do fim do ano letivo, é comum encontrar alguns alunos e seus pais batalhando para conseguir vencer mais um ciclo escolar. Quem precisa de notas boas, seja por alguma dificuldade ou mesmo porque deixou tudo para a última hora, acaba vivenciando momentos de tensão na escola e, principalmente, dentro de casa. E será que dá tempo de recuperar? Segundo especialistas, sim, desde que haja dedicação do aluno.
“A primeira coisa a se fazer é identificar qual é a dificuldade no estudo. As razões podem ser várias, mas é preciso fazer uma distinção se a demanda é pedagógica ou psicológica, para, aí sim, trabalhar na raiz do problema”, explica a pedagoga Maria Lucia Castanheira, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A partir daí, segundo ela, é preciso que os pais tenham uma conversa com o filho para verificar sua disposição. “Cada caso é um caso, mas se o aluno não estiver aberto a se empenhar, não adianta. Por outro lado, se houver esforço e acompanhamento específico onde há problemas, ele corre atrás e, mesmo com poucos meses, consegue”.
Precisando de pontos em cinco matérias, uma aluna do primeiro ano de um colégio particular da região Centro-Sul da capital decidiu seguir essa orientação e mergulhar de cabeça nos estudos para dar conta da reta final. A mãe, que pediu para não ser identificada, disse que chegou a procurar colégios mais fracos para evitar que a filha tivesse que repetir o ano, mas a opção da garota foi por continuar na escola.
“Minha filha já perdeu um ano e eu não queria deixar que perdesse outro. Ela é boa aluna e fico com dó porque está sofrendo demais”, conta. Para completar os estudos, a garota faz aulas particulares quatro vezes por semana. Como ela, muitos frequentam, nesta época do ano, aulas de reforço. “A procura chega a ser 40% maior no segundo semestre”, diz o professor Fábio Juste, um dos sócios do cursinho Diferencial.
No entanto, mais importante do que o número de aulas, é a mudança de postura, segundo especialistas. Foi assim que a estudante Júlia Salles, 19, deu a volta por cima. “Tomei bomba no primeiro ano porque malandrei. Eu achava que não ia acontecer comigo e fui empurrando com a barriga. Hoje, vejo que foi bom porque eu quis provar para mim mesma que dava conta”. Ela passou de primeira em dois vestibulares e cursa direito e letras.
Dicas
Pequenas atitudes podem ajudar na recuperação da nota até o fim do ano
Rotina. É preciso haver uma mudança na dinâmica de estudos. O tempo é curto, e o estudante
precisa se organizar.
Foco. A qualidade do estudo é mais importante do que a quantidade. É preciso focar os conteúdos em que há mais dificuldade.
Continuidade. Peregrinar de escola em escola não é uma boa solução. É importante que o aluno estabeleça laços com colegas e professores para se sentir confiante e à vontade para fazer perguntas em sala.
Medida certa. É preciso avaliar se a quantidade de aulas de reforço vai ser positiva ou se irá sobrecarregar o aluno. Ele pode criar antipatia.
Conselho
Diálogo. Nessa reta final para recuperar as notas, especialistas aconselham uma conversa franca entre pais, escolas e alunos. O apoio familiar é importante para o aluno recuperar sua autoconfiança.