A Secretaria de Estado de Educação (SEE) recuou e descartou nesta quinta-feira (14) a possibilidade da Escola Estadual Ricardo de Souza Cruz, no bairro Nova Esperança, na região Noroeste de Belo Horizonte, coabitar com o Colégio Militar Tiradentes. A instituição está ocupada desde o dia 5 de janeiro por estudantes contrários ao uso do prédio por filhos de policiais, uma vez que moradores da região teriam que procurar outras escolas.
De acordo com o estudante do 1º ano do Ensino Médio da escola, Pablo Gabriel da Silva, de 17 anos, a SEE prometeu aos ocupantes nesta quarta-feira (13), durante uma reunião na Cidade Administrativa, que entregaria nesta quinta um documento garantindo a não coabitação da escola com a instituição militar.
"Chegamos a fazer a proposta da gente ir buscar esse documento e acabar com a ocupação, porém, se comprometeram a vir na escola e entregar nas nossas mãos. Mas até o início da noite não tínhamos recebido nada e a ocupação está mantida enquanto não tivermos o documento que comprove que nossa escola será mantida integralmente", garantiu.
Procurada por O TEMPO, a SEE divulgou uma nota em que afirma que o documento solicitado pelos estudantes, e que garante a não coabitação do Colégio Tiradentes, já foi enviado para o e-mail da escola e estaria com a direção da unidade escolar. "O documento físico será entregue amanhã (sexta-feira) pela manhã".
Reivindicações
A ocupação teve início depois dos estudantes descobrirem os planos do governo de coabitar a unidade com o Colégio Militar Tiradentes, sendo que as matrículas para os filhos dos militares teriam começado no início de 2016. A informação seria de que cerca de 40% das vagas seriam destinadas ao colégio. Aproveitando a mobilização, os estudantes reivindicam também melhoras na estrutura do prédio e do lanche fornecido.
Durante a ocupação da instituição, os alunos promoveram atividades culturais, como oficinais de cartazes e de teatro, batalha de MCs e abertura do cineclube. Procurada no início do mês, a secretaria confirmou que pretendia coabitar as duas instituições no espaço. Os alunos comuns da escola teriam os turnos da manhã e da noite com as séries iniciais do Ensino Fundamental, o Ensino Médio e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Já na parte da tarde, o espaço seria usado pelo Colégio Tiradentes.