Erros no projeto e na execução do viaduto Batalha dos Guararapes, na avenida Pedro I, na região Norte de Belo Horizonte, foram abordados nessa sexta-feira (21) durante a terceira audiência para julgar os responsáveis pelo desabamento da estrutura. Um total de oito pessoas, sendo quatro testemunhas de acusação e quatro de defesa, foram ouvidas no Fórum Lafayette.
De acordo com o advogado da construtora Cowan, Luiz Carlos Abritta, os depoimentos confirmaram que as alterações de projeto, como a implantação de janelas na estrutura, não provocaram a tragédia, visto que as mesmas aberturas foram feitas em outros viadutos, sem problemas. “O erro na transposição de cálculos pela Consol causou a queda do viaduto”, afirmou. Segundo ele, o peso do viaduto deveria ser dividido entre dez pilares, mas, com a falha, todo o elevado foi apoiado em dois pilares, que não resistiram.
Já o defensor da projetista Consol, Leonardo Marinho, disse que mudanças no projeto original geraram fragilidade da estrutura. “São 42 janelas que foram construídas na parte superior, o projeto previa somente duas na parte inferior, e a protensão, que é quando os cabos são esticados para dar sustentação final ao viaduto, estava prevista de um tipo, foi feita outro”, pontuou.
O viaduto caiu em 3 de julho de 2014, matando duas pessoas e ferindo 23. O Ministério Público de Minas Gerais, que denunciou 11 pessoas por desabamento, acredita que erros de Consol e Cowan e a negligência da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) na fiscalização contribuíram com a queda.
Uma nova audiência do caso, marcada para o dia 11 de novembro, deve ouvir mais testemunhas de defesa.
A mãe de Hanna Cristina Santos, motorista do ônibus atingido pelo viaduto, que morreu no acidente, Analina Soares Santos, 54, espera Justiça. “O mal que foi feito não tem como reparar. A única coisa que peço a Deus é que, antes de partir, eu veja os culpados pagarem”, concluiu.