Uma biblioteca fechada há dois anos por falta de funcionário. É essa denúncia feita por professores e outros profissionais que trabalham na Escola Municipal Padre Guilherme Peters, localizada no bairro Nossa Senhora do Rosário, na região Leste de Belo Horizonte. Segundo eles, o espaço está sem funcionar desde a morte do auxiliar de biblioteca, em 2022.
"Já procurei a diretora da escola, e ela disse que a prefeitura afirmou não ter o auxiliar de biblioteca disponível. Eles alegaram que fizeram o concurso para a contratação do profissional, mas ele ainda não foi chamado", conta um professor da escola, que pediu para não ser identificado.
A reportagem de O TEMPO ligou em um dos telefones da escola e questionou sobre o funcionamento da biblioteca. Uma funcionária afirmou que o espaço só permanece aberto às quartas-feiras, das 7h às 16h. "Nós estamos sem um funcionário, e a pessoa responsável só vem aqui nesse dia. Ela fica 'rodando' em algumas escolas", disse, por telefone.
Para quem trabalha na unidade de ensino, a falta de uma biblioteca compromete o processo de aprendizagem dos alunos. "É uma situação muito ruim, principalmente porque a rede municipal possui muitos alunos com déficit de aprendizagem, dificuldade de leitura e interpretação de texto", lamenta um professor, que também pediu para não ser identificado.
O problema, segundo este professor, afeta outras bibliotecas da rede municipal de ensino. "Em outros anos, a prefeitura fez um investimento muito positivo em livros, inclusive alguns em braille (sistema de escrita e leitura tátil para as pessoas cegas). Mas não faz muito sentido se estes livros não estão disponíveis porque as bibliotecas não funcionam", acrescenta.
Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que o atendimento na biblioteca da Escola Municipal Padre Guilherme Peters é feito por uma professora. "Quando há necessidade, a direção solicita um assistente para realizar a função", disse. O executivo municipal não se manifestou sobre o funcionamento do espaço somente nas quartas-feiras, conforme informado por uma funcionária da escola por telefone para a reportagem.
A prefeitura também afirmou que não há mais a designação específica de um auxiliar para a biblioteca, conforme portaria da Secretaria Municipal de Educação, de 2018. O profissional é denominado assistente administrativo educacional e desempenha as funções tanto nas bibliotecas quanto na secretaria. Atualmente, a rede conta com 1.150 assistentes administrativos educacionais.
"O concurso de 2023 para esse cargo de assistente administrativo educacional está em fase de resultado preliminar da prova discursiva, com previsão para ser concluído ainda neste ano. Dessa forma, com a contratação de novos profissionais nesta área irá fortalecer ainda mais os serviços oferecidos nas bibliotecas", justifica, em nota.
Bibliotecas na rede municipal
A rede municipal de educação de Belo Horizonte conta com 323 unidades de ensino. Desse total, 178 são Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF). Conforme a prefeitura, todos estes espaços possuem biblioteca. A rede conta ainda com 145 Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI), sendo que 85 delas possuem biblioteca e outras 40 têm espaço de leitura.
"Apenas 20 EMEIS ainda não possuem biblioteca, mas as atividades de leitura são providenciadas em outros espaços. A ausência foi ocasionada pela falta de espaço físico das construções. Para sanar a situação, estão sendo estudadas soluções a serem implantadas", disse a Secretaria Municipal de Educação, em nota.
Atualmente, conforme a pasta, oito unidades de ensino estão com as bibliotecas em obras e, por isso, as atividades estão sendo realizadas em espaços alternativos. "Em caso de obras, as escolas fazem adaptação de outros espaços para que as atividades de leitura não cessem. A previsão é que todas estejam com as intervenções concluídas até junho", garante.