O acirrado mercado de transporte de passageiros em Belo Horizonte vai ganhar um novo concorrente até o fim deste mês: a empresa espanhola Cabify, que oferece serviço semelhante ao do Uber. Dois representantes da corporação chegaram a Belo Horizonte na semana passada e preparam o cenário para que o primeiro time de condutores comece a operar.
De acordo com o gerente da Cabify Brasil, Daniel Valazco-Bedoya, cerca de mil motoristas já manifestaram interesse, pelo site da empresa, em se credenciar na capital. A Cabify começou a atuar em 2011 em Madri, na Espanha, com foco no transporte privado para corporações. Ficou conhecida, inicialmente, por fornecer choferes de luxo por meio de um aplicativo. Em 2012, expandiu o serviço para a América Latina, onde hoje está concentrada.
No Brasil, foi lançada em 6 de junho deste ano, em São Paulo (SP). Em 10 de agosto, foi a vez do Rio de Janeiro (RJ), durante os Jogos Olímpicos, e sexta-feira passada, de Porto Alegre (RS).
Assim como o Uber, o serviço tem vários formatos. Segundo Velazco-Bedoya, o modelo lançado em Belo Horizonte será o Cabify Light, que terá valor de 10% a 15% superior ao do Uber e 10% a 15% inferior aos dos táxis – o preço exato ainda não foi definido. Em São Paulo, o quilômetro rodado custa R$ 2,90 (de 0 a 10 km) e R$ 1,85 (acima de 10 km).
A cobrança será feita por quilômetro rodado, enquanto outros serviços cobram também por tempo de viagem, e o cálculo será feito com base na rota mais curta entre as opções dadas pelo aplicativo. “Nossos diferenciais serão a qualidade e a segurança”, disse o gerente. Ele informou que haverá rigor na contratação de motoristas. Além de exigir que ele apresente antecedentes criminais, a Cabify cobrará também exame toxicológico, para avaliar dependência química, e psicométrico, que analisa aspectos psicológicos.
O que diz quem já atua na praça
Uber. A empresa informou que, como atuante na área de tecnologia, vê a competição no setor como algo positivo, já que permite ao usuário e ao motorista parceiro terem mais escolhas sobre como se locomover pelas cidades e gerar renda.
Segurança. O Uber informou ainda que exige antecedentes criminais e carteira de motorista com licença para exercer atividade remunerada (EAR). Não são exigidos exames toxicológicos nem psicológicos.
Justiça
Liminar para atuar é uma possibilidade
A Cabify informou que avalia se entrará na Justiça para obter liminar que impeça a polícia de apreender os veículos, como fez o Uber. Sem essa “proteção” da Justiça, vários motoristas de aplicativo tiveram o carro apreendido em Belo Horizonte nos últimos meses, principalmente no caminho para o Aeroporto Internacional de BH, em Confins, na região metropolitana.
Enquanto isso, os taxistas cobram fiscalização. Os conflitos entre as categorias resultaram até em um condutor do Uber esfaqueado no mês passado, na capital.
O gerente da Cabify Brasil, Daniel Valazco-Bedoya, disse, entretanto, que a proposta não é segmentar o mercado. “Queremos atuar próximo ao governo e às entidades de classe, como taxistas, e buscar soluções para a cidade”, concluiu.
Taxistas. O sindicato da categoria informou que qualquer aplicativo é bem-vindo, desde que seja regulamentado e fiscalizado. “Caso contrário, vejo um sucateamento do sistema de transporte”, disse Ricardo Faedda, o presidente.