O medo de uma infecção levou duas primas a denunciarem o avô de consideração, de 54 anos, para a polícia, em Belo Horizonte. O homem foi preso por estupro de vulnerável nessa terça-feira (16 de abril), no bairro Olhos D’Água, região Oeste de BH. Ele estava foragido desde dezembro de 2023.
De acordo com a investigação da Polícia Civil, os abusos ocorreram quando as meninas tinham 6 e 8 anos. O homem aproveitava de momentos que a ex-esposa, avó das crianças, estava fora de casa para praticar os abusos. O crime, segundo os investigadores, ocorria no quarto do casal.
A equipe da Polícia Civil apontou que as violências passaram despercebidas pela família por cinco anos. Os familiares só tiveram conhecimento sobre o ocorrido quando, em setembro de 2019, a avó, já separada do suspeito, descobrir uma doença sexualmente transmissível.
“A família descobriu que o homem tinha uma doença contagiosa grave que foi transmitida para a avó. As meninas, então, ficaram com medo de também terem se infectado e resolveram contar sobre os abusos”, diz a delegada Thalita Caldeira, da Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente (DEPCA). Apesar do susto, os exames não detectaram nenhuma doença transmissível nas meninas.
As investigações começaram em 2019 e, por trâmites da Justiça, segundo a delegada, o mandado de prisão contra o homem foi emitido em dezembro do ano passado — desde então, ele estava foragido. O suspeito trabalhava como porteiro em uma faculdade da capital e, ao ser encontrado em casa, nessa terça (16), não resistiu à prisão.
Sinais: presentes ilimitados e mudança de comportamento
A delegada Caldeira chama atenção para dois sinais de abuso infantil que poderiam ter ajudado os pais das meninas a identificarem o problema. Um deles é o excesso de presentes que o avô de consideração dava às “netas”. “Uma das vítimas contou à polícia que recebia muitos presentes, um atrás do outro. Ela disse que podia pedir qualquer coisa, que ele dava. Tablet, notebook, roupa, não tinha limite”, alerta.
O homem não chegou a emitir uma ameaça às crianças sobre se manterem caladas, mas, nesse caso, os presentes funcionavam como moeda de troca pelo silêncio. “É algo que serve de alerta. É bom lembrar que 80% dos abusos infantis ocorrem dentro de casa, entre familiares”, continua Thalita Caldeira.
Outro sinal que as crianças demonstraram foi a mudança de comportamento: passaram a ser mais tristes e caladas. “Isso consta na investigação e é um alerta para todas as famílias. As meninas ficaram avoadas, entristecidas, quietas. Muitas crianças e adolescentes têm dificuldade em verbalizar situações de abuso, e cabe aos responsáveis ajudar”, aconselha.
Como denunciar?
- Disque Denúncia 181
- Disque Direitos Humanos 100
- Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente - DEPCA
Av. Nossa Sra. de Fátima, 2175 - Carlos Prates, Belo Horizonte - MG, 30710-650