Pampulha

Deputados querem mudar data de reforma da Igrejinha 

Parlamentares informaram que recursos estão assegurados e, por isso, obra poderia ser atrasada

Por Letícia Fontes
Publicado em 22 de novembro de 2016 | 03:00
 
 
 
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Acertada para janeiro de 2017, a reforma da Igrejinha da Pampulha, em Belo Horizonte, pode sofrer nova alteração e, assim, evitar que 229 casamentos sejam desmarcados até novembro do ano que vem. A data para o início da obra foi acertada para impedir que os recursos, já assegurados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), fossem devolvidos ao governo federal com a virada de ano, conforme a prefeitura. Contudo, o deputado federal Weliton Prado (PMB), que participou nessa segunda-feira (21) de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas, rebate a informação e diz que basta readequar o cronograma e fazer um aditivo para ter a verba.

“Conversei com o diretor do PAC das Cidades Históricas (Robson Antônio de Almeida), e ele me garantiu que nunca houve uma consulta oficial dos órgãos municipais sobre adiar a data. Não teria nenhum problema em começar no dia 18 de novembro (um dia depois do último casamento marcado)”, disse Weliton Prado. Relator do PAC em 2014, ele informou haver liberados R$ 250 mil, e o restante será entregue à medida que a reforma for executada – o total previsto é de R$ 1,7 milhão. “É só fazer um aditivo e readequar o cronograma”, ressaltou.

Segundo a presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), Michele Arroyo, o impasse não se restringe apenas aos cancelamentos dos casamentos, mas diz respeito também à conservação da igreja. O projeto da reforma era estudado antes do título concedido pela Unesco ao Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em julho deste ano, de patrimônio cultural da humanidade.

“A Igrejinha da Pampulha apresenta problemas de infiltração, comprometendo as estruturas internas, como o forro. Se a obra não vai acontecer agora, para atender a agenda de casamentos, é preciso tomar medidas para que as chuvas não agravem o problema”, explicou. Entre as medidas, ela sugeriu a colocação de coberturas nas partes externa e interna da igreja para evitar a entrada de água. A última reforma na igrejinha ocorreu em 2005 devido a infiltrações.

Posições. A Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte (FMC) reforçou que é preciso cumprir o cronograma definido com o Ministério da Cultura, sob pena de perder o recurso.

Para a chefe de gabinete da superintendência do Iphan de Minas, Rosângela Guimarães, além da perda, o adiamento da reforma afeta ainda a manutenção do título. “Toda dotação orçamentária é feita para a vigência no ano. Se não gasta no ano, o governo federal recolhe. Estamos em momento de crise, que é difícil prever que haverá a manutenção dessa verba. Temos também um compromisso com a Unesco, que foi firmado por todos nós, brasileiros. Precisamos entregar essa obra pronta em 2018”, afirmou.

O presidente da comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia, deputado estadual Elismar Prado, informou que apresentará um requerimento solicitando à direção do PAC Cidades Históricas e ao Ministério do Planejamento informações sobre o cronograma de intervenção na igreja e se há possibilidades na lei de prorrogação dos recursos. (Com Ana Paula Pedrosa)

Procurados

Contatos. Os ministérios de Planejamento e de Cultura foram procurados nessa segunda-feira (21). O primeiro, repassou a demanda sobre a verba para o segundo, que não havia respondido até o fechamento desta edição.


Noivos

Casais relatam dificuldades em remarcar cerimônias

FOTO: Fernanda Carvalho
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Cerca de 60 pessoas foram à Assembleia; muitas noivas se emocionaram

Casais presentes nessa segunda-feira (21) na audiência pública acreditam que o discurso usado pela prefeitura em relação ao cancelamento das cerimônias e à falta de recursos para o ano que vem é uma maneira de pressionar a realização da reforma.

Inconformada com a falta de assistência da arquidiocese, a bibliotecária Mariana Fernandes, 29, contou que somente em outubro soube que os casamentos em 2017 deveriam ser cancelados, apesar de vários noivos ainda não terem sido avisados formalmente.

“O desgaste emocional é muito grande, não é um luxo, temos contratos com fornecedores a serem cumpridos. Além de não termos sido avisados em nenhum momento, estamos tendo dificuldades para marcar casamentos em outras igrejas na lista apresentada pela arquidiocese”, disse Mariana.

O capelão da Igrejinha da Pampulha, o padre Ademir Ragazzi, afirmou que os casais que agendaram as celebrações não ficarão desamparados. “A igreja está empenhada em buscar a melhor solução, abrindo mais horários na arquidiocese para essas cerimônias. Os casais estão sendo auxiliados em outros templos de reconhecida importância. Estuda-se, em alguns casos, abrir exceção e celebrar a cerimônia fora do ambiente religioso. Essa novidade foi colocada pelo arcebispo (dom Walmor Oliveira de Azevedo)”, disse. (LF)


Frases

“Não queremos outro local em hipótese alguma. A Igrejinha da Pampulha é um ícone da arquitetura moderna. São sonhos, e sonhos não têm preço. Além da questão das perdas materiais, queremos ser ouvidos e respeitados. Acreditamos que exista uma solução que atenda todos.” Marcelo Ribeiro do Carmo, 39, advogado e um dos noivos

“Quando o PAC foi criado, foi sobre o princípio de não se perderem recursos. Acompanhamos as obras do PAC de 2004, 2005 e 2010, e até hoje os recursos não foram perdidos.” Weliton Prado, deputado federal (PMB)

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