Francis Marques saiu atrasado para o trabalho na última sexta-feira. “Ele nunca se atrasava”, lembra a mulher dele, Gisele Fernanda Rodrigues Marques, 34. Quando soube do rompimento da barragem, ela começou a telefonar para o celular do marido. “Só parei de ligar agora, quando soube que ele estava morto”, fala Gisele.

Gisele conta que Francis trabalhava em uma empresa terceirizada que prestava serviços para a Vale. Segundo ela, o marido dizia que a barragem poderia se romper, tanto que ele havia participado de um treinamento de fuga. “Claro que a gente acha que isso não vai acontecer nunca, mas sabiam do risco”. Ela conta que, na empresa em que Francis trabalhava, outras 15 pessoas estavam na lista dos desaparecidos.

Francis e Gisela estavam juntos há 16 anos. Ele deixa uma filha de 4 anos. “Foi muito difícil contar para a minha filha o que aconteceu, pois ela é muito agarrada a ele”, diz Gisele. “Mas ela vai entender que agora ele virou o anjo da guarda dela”.

O casal estava reformando a casa deles no bairro Barreiro, em Belo Horizonte. “A gente estava vivendo a nossa vida, criando a nossa filha”, fala Gisele, que quer justiça por meio de punição e indenização. “Tiraram o meu marido de mim e, agora, eu quero tirar tudo deles também para poder dar um futuro para minha filha. Um futuro que Francis e eu estávamos construindo juntos”, fala ela.   

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