Instalados há mais de um ano e meio no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, os dez radares da concessionária Via 040, que administra um trecho da rodovia, estão em fase de testes operacionais, a última antes do início do funcionamento. Os equipamentos, localizados entre os bairros Califórnia, na região Noroeste da capital, e Olhos D’água, no Barreiro, estão passando por ajustes de imagem. Apesar de não haver data para o início da operação, a previsão é que isso ocorra “nas próximas semanas”.
De acordo com o Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), em Brasília, os testes, iniciados neste mês, visam garantir que as imagens produzidas pelos radares não deixem dúvidas quanto à identificação dos veículos autuados. As experiências são feitas pela própria concessionária, que envia as imagens à polícia, – responsável por aprová-las ou solicitar novos ajustes.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a concessionária vai enviar, “provavelmente nas próximas semanas”, um novo lote de imagens à polícia, que vai avaliar se os ajustes se adequam ao que foi solicitado. Caso a análise seja positiva, os equipamentos serão liberados para entrar em funcionamento.
Posicionados em um trecho de 10 km do Anel sob concessão, os radares serão mantidos permanentemente pela Via 040, que tem a responsabilidade de processar e encaminhar as informações coletadas para a ANTT. A fiscalização e a autuação, assim como a arrecadação oriunda das multas, serão funções da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Os radares fixos foram instalados no Anel Rodoviário em março de 2015, e, na época, a concessionária informou que o processo de homologação estava dentro do cronograma previsto. No entanto, um ano e oito meses depois, os aparelhos seguem cobertos por panos. De acordo com o DPRF, o motivo da demora se deve à existência de várias etapas que precisam ser cumpridas antes de os radares instalados entrarem em funcionamento. Entre elas, a análise de estudo técnico e a homologação de imagens, que normalmente “apresentam trâmites prolongados, pois cada um dos radares do lote tem que estar dentro de padrões”.
Perigo. Enquanto isso, o Anel continua sendo local de mortes. Somente entre janeiro e outubro deste ano foram 31 óbitos, contra 25 registrados nos 12 meses de 2016. Já os acidentes foram 1.746 em 2015 contra 1.173 entre janeiro e outubro deste ano. “Aconteceu um aumento de óbitos, principalmente, devido à imprudência dos motoristas, que insistem em andar em alta velocidade, sem cinto de segurança e utilizar o celular enquanto dirigem. Os radares são muito importantes e ajudam muito na fiscalização”, afirmou o tenente Pedro Henrique Barreiros, comandante do policiamento do Anel.
Para o consultor do Instituto Mobilidade Sustentável, João Luiz da Silva Dias, quanto mais radares, melhor, principalmente em uma via que mistura tráfego urbano e o de rodovias. “O radar é a única forma de conter a velocidade o tempo todo, e é necessário que haja vários, para o motorista não acelerar logo depois de passar por um. Ao contrário do que as pessoas falam, o radar não objetiva a arrecadação, e sim evitar acidentes”.
Saiba mais
Histórico. O Anel Rodoviário de BH foi construído na década de 50, para desviar o tráfego pesado da região urbana da cidade. Porém, com o crescimento da capital, acabou inserido no sistema viário urbano.
Radares. Segundo o Dnit, além dos dez radares que serão ligados no trecho da Via 040, o Anel tem 15 redutores eletrônicos de velocidade, sendo que 13 estão em operação – dois aparelhos estão desativados, devido ao recente recapeamento da via. Cinco estão no trecho da Via 040. Outros dez radares também serão ligados na BR–040 entre MG e o Distrito Federal.
Autuações. Em 2015, quando havia 13 faixas monitoradas, foram registradas 1.815 autuações, que se converteram em 1.714 notificações de penalidade. Neste ano, com 81 faixas monitoradas, 23.215 autuações foram registradas. Dessas, 5.819 viraram multa.
Segurança
Sinalização da via está sendo trocada
Enquanto a revitalização do Anel Rodoviário não sai do papel, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) está trabalhando no reforço da sinalização da via neste mês, com o objetivo de aumentar a segurança dos usuários. Estão sendo instaladas defensas metálicas em 12 locais, 740 placas de solo, outras 86 aéreas e 20 pórticos e semi-pórticos, entre os trevos de Sabará e Brasília. O investimento não foi informado.
O professor de engenharia de tráfego da Fumec, Márcio Aguiar, acredita que melhorias na sinalização são necessárias, mas a via demanda intervenções maiores. “O Anel, infelizmente, não tem recebido investimentos mínimos para que haja redução de acidentes”, pontuou.
A revitalização do corredor, apresentada em 2012, ainda não tem previsão de ser contratada. O Estado informou que o anteprojeto das obras foi encaminhado à Justiça Federal no início de setembro, para análise do Dnit. O órgão federal, por sua vez, declarou que aguarda o material. Uma audiência na Justiça entre as partes vai acontecer em 6 de dezembro.